quarta-feira, 4 de março de 2009

Olho vivo na Fundação Nosso Lar: bobagem sem tamanho

Sede administrativa da Fundação Nosso Lar, onde supostamente "o alarme dispara a noite toda"


Hoje o site Língua di Trapo e a coluna Bico do Corvo do Jornal A Gazeta do Iguaçu publicaram uma nota apócrifa a respeito da Fundação Nosso Lar, instituição que realiza um trabalho sério no atendimento à crianças e adolescentes que necessitam da ação protetiva do abrigamento. Nunca vi tamanha bobagem, por isso, como assessor de comunicação da instituição, encaminhei ao site e à coluna a resposta da diretora da instituição e espero que seja publicada, demonstrando que o jornalismo que se pratica em Foz do Iguaçu é um jornalismo sério e comprometido.
Publico aqui no blog as notas e a resposta. Perdemos um tempo precioso respondendo esta bobagem, mas não podemos permitir que tentem denegrir a imagem da instituição por tamanha besteira.

OLHO VIVO NA FUNDAÇÃO NOSSO LAR
Prezado Lucas,

Há mais ou menos um ano enviei-te um email sobre fatos ligados a Fundação Nosso Lar da Rua Ernesto Keller.
Somos moradores do local há anos, e nunca tivemos problemas, à época te relatei sobre menores consumindo bebidas alcoólicas e deve ter registro no Conselho Tutelar, pois denunciei (acompanhamos o conselho tutelar chegar aqui e flagrar menores consumindo álcool sem a presença dos monitores).
Agora o problema é outro, os funcionários que trabalham lá, deixam o alarme ligado à noite toda e quando dispara não há ninguém para desligar, logo, há semanas dormimos com o alarme disparado.
Alguns vizinhos até filmamos a hora de chegada da Secretária (entre 3 e 5 da manhã), a mesma deve chegar alterada, pois mesmo com o alarme disparando, a mesma consegue dormir e incomodar a todos, pois o alarme dispara e fica com a sirene ligada direto, até as 8 hs.
Já fiz um abaixo assinado (lembrando que aqui perto moram promotores, juízes e policiais), mas o mais importante é que já contribuímos (a maioria) com a dita Fundação e nos dói saber que a mesma, ao invés de fazer um trabalho para a comunidade, está a INCOMODAR a comunidade.
Se possível passe esse a email aos responsáveis, ou se quiser o publique e se precisar de fotos ou vídeos nos avise.
Grata
Elaine

Pitaco: Com a palavra nossas "otoridades" constituidas.

O alarme

Prezado Corvo, sirvo-me desta coluna para pedir que a Fundação Nosso Lar, da Rua Ernesto Keller, passe a monitorar seus alarmes, pois o alarme ou sirene dispara a noite toda, e não há ninguém para desligar; tem apenas uma funcionária que chega às três da manhã, mas nunca consegue desligá-lo. Grata.

Gaivota Irada

Caro Lucas,
“Não sou dado a ações apócrifas. Essa prática nefasta eu deixo para os vigaristas que não assinam o lixo que escrevem” (Língua di Trapo). Inicio este e-mail com palavras tuas, pois me identifico completamente com elas, também abomino a prática apócrifa.
Como assessor de comunicação da Fundação Nosso Lar te escrevo sobre um post em seu site sobre esta instituição intitulada “OLHO VIVO NA FUNDAÇÃO NOSSO LAR”, assinado apocrifamente por um tal de “elaine” ou “gaivota irada”, como assinou na coluna “bico do corvo” no Jornal A Gazeta do Iguaçu, que para mim não significa absolutamente nada, nem ninguém, pois não tem a hombridade de vir até a instituição e nem ao menos assumir o que diz ou escreve.
É inconcebível que um “vizinho” tente denegrir a imagem da Fundação Nosso Lar com tamanha bobagem.
Gostaria imensamente que a resposta da Fundação Nossa Lar fosse publicada na íntegra no seu site, demonstrando que o seu site é sério, prima pelo bom jornalismo e, assim como publica “denúncias” apócrifas, também oferece espaço para respostas assinadas.
Desde já agradeço,
Um abraço,
Carlos Luz
Assessor de Comunicação da Fundação Nosso Lar.


OLHO VIVO NA FUNDAÇÃO NOSSO LAR
A Fundação Nosso Lar trabalha com criança e adolescentes vítimas da sociedade individualista e cruel que vivemos, e os que acabam por serem abrigados são crianças e adolescentes que já tiveram sua infância roubada pelos adultos, que tem problemas e são vítimas de uma sociedade que não quer ver o que se passa ao redor. Uma sociedade que só vê o que é vantagem para si, nada para os outros. Com certeza temos jovens que bebem, usam drogas, são ameaçados de morte e nosso trabalho é tentar ajudá-los a encontrar o caminho de volta. Geralmente fazemos esse trabalho sozinhos, com pouquíssimo apoio da maioria da comunidade, que não quer ver e nem tenta conhecer o outro lado da história.
Para quem tem entendimento, é possível compreender que tudo tem dois lados, que sempre devemos buscar saber o que faz e diz o outro lado. Mais uma vez nos colocamos a inteira disposição para visitas e conversas, com os adolescentes e adultos, a qualquer hora, sem marcar, pois não temos nada a esconder.
Eu, diretora da Fundação Nosso Lar, também sou moradora do Jardim Eliza I há anos e a Fundação está aqui há anos. O Sr ou Sra “elaine”, ou “gaivota irada”, ou seja lá quem for, nunca veio aqui para conhecer, perguntar, conversar, saber o que se passa dentro da instituição e com as crianças e adolescentes que atendemos. Não tenho tido tempo de ir à casa dos vizinhos, explicar o que fazemos, pois temos 55 crianças abrigadas e mais cerca de 100 que estão com as famílias de origem.Todos os casos são acompanhados e apoiados, já que muitos dos pais e das próprias crianças tem doença mental, HIV, são pacientes psiquiátricos, fazem uso de álcool e drogas, são vítimas do desemprego, da miséria, material e intelectual e, como sabemos, essa realidade é resultado da sociedade que vivemos (nós também colaboramos para essa exclusão), e a Fundação Nosso Lar se dedica a tentar melhorar a vida destes excluídos.
Que pena que o Sr ou Sra “Elaine”, ou “gaivota irada”, ou seja lá quem for, não vem conversar, isso reflete e reproduz o que vivemos, não existe mais comunicação, é tudo na denuncia, pancada e até no tiro, que pena. Gostaria que nossos adolescentes aprendessem que tudo na vida pode se resolver com conversa, que isso é “humano” e é isso que queremos que eles sejam: seres humanos.
Na sede administrativa da instituição, onde o alarme dispara, não tem funcionários à noite. A “moça” que o Sr ou Sra “Elaine” ou “gaivota irada”, ou seja lá quem for diz ser secretária, não é. Ela trabalha em horário comercial na Fundação Nosso Lar, depois disso sua vida é particular e pessoal. O alarme fica ligado porque não ficam funcionários no local e é uma medida de segurança, já que a Fundação também já foi vítima de assaltos, e se dispara é porque tem algo errado, já solicitamos à empresa que instalou e faz manutenção que verifique o que está acontecendo.
Quanto as filmagens da hora de chegada de um vizinho, maior de idade, não entendi. Filmar a hora da chegada de vizinhos? O que esta pessoa faz?
Gostaria que o Sr ou Sra “elaine” ou “gaivota irada”, ou seja lá quem for mobilizasse os vizinhos com esta mesma vontade para ajudar quem precisa. Aqui mesmo no bairro temos a “Favela do Barro Branco” que poderia ter dignidade, mas cada um se preocupa com sua casa apenas. Com certeza a contribuição que o Sr. ou Sra. “elaine”, ou “gaivota irada”, ou seja quem for diz estar dando, seria bem maior. Contribuir para melhorar a sociedade é obrigação de todo cidadão de bem, que tem mais oportunidades e teve a sorte de nascer numa “casta” diferente da maioria dos brasileiros, aqui grande parte dos recursos vem de outro país, pois o nosso só olha seu umbigo, e os recursos que recebemos do município não são suficientes para atender toda a demanda que temos.
Estamos abertos a visitação a todo e qualquer cidadão. Não temos nada a esconder e temos a certeza de estarmos fazendo a nossa parte.
Infelizmente não podemos desligar o alarme, por segurança, já que somos reféns de toda uma forma de vida e, mesmo trabalhando para mudar isso, não ficamos imunes aos perigos e ameaças.
Se o Sr. ou Sra. “elaine”, ou “gaivota irada” ou seja lá quem for, queria ajudar poderia ter vindo aqui pessoalmente, nossas portas estão sempre abertas.
Ivania Ferronatto
Diretora de Projetos da Fundação Nosso Lar
Moradora do Bairro Jardim Eliza I, desde 1996.

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