sexta-feira, 28 de setembro de 2007

Resultado da enquete anterior

O anglicismo na língua portuguesa é:
Benéfico - 0 (0%)
Maléfico - 13 (92%)
Indiferente - 1 (7%)
Total de votantes - 14

Um alerta ao presente

João e Bilu são os personagens do curta dirigido por Kátia Lund


Análise Estética do filme “Crianças Invisíveis”

Resumo
O objetivo do presente trabalho é analisar, sob o aspecto estético, dois episódios de um total de sete, de livre escolha, do filme Crianças Invisíveis (All the Invisible Children). A metodologia utilizada foi a da observação do filme como um todo, escolha dos episódios a serem analisados e posterior observação mais atenta das partes escolhidas. A esta observação somou-se uma pesquisa na Internet sobre o filme e o tema, e leitura de apostila e anotações colhidas em sala de aula. O resultado de tal análise deixa claro que a sociedade humana estará ameaçada, caso continue a mostrar o descaso no cuidado da própria existência física e moral das gerações que pretendem ser o futuro.
Palavras-chaves – Cultura, denúncia, estética.

300 milhões de crianças são excluídas do direito ao acesso à água limpa;
115 milhões de crianças são excluídas do direito à educação;
500 mil crianças nascem todos os anos e não têm acesso ao registro civil;
Cerca de 10 milhões de crianças e adolescentes vivem no semi-árido, em situação de pobreza;
Quase 3 milhões de crianças são exploradas no trabalho infantil.
(Dados do UNICEF)

"O que vemos na tela deve nos mover para alguma ação concreta".

Danny Glover, ator, embaixador do UNICEF.

"Essas não são crianças invisíveis no sentido estrito, porque estão presentes nas janelas dos nossos carros, mas são invisíveis porque, às vezes, preferimos vê-las, mas não enxergá-las".

Marie-Pierre Poirier, representante do UNICEF no Brasil.

"É um filme incômodo, que fala do nosso presente, do nosso cotidiano e daquilo que não vemos porque não queremos ver, já que está na nossa frente".

Verônica Aravena Cortes, professora de sociologia da Universidade Metodista de São Paulo.

Introdução

A análise de dois episódios do filme Crianças Invisíveis é um exercício para a compreensão de maneira mais aprofundada dos conceitos de estética e cultura de massa, analisando a visão de cada diretor cinematográfico, em comparação aos conceitos de estética desenvolvidos na era clássica, medieval e moderna.
O filme reúne sete episódios e conta a história de crianças em sete diferentes países e continentes: Brasil, África, China, Estados Unidos, Inglaterra, Itália e Sérvia-Montenegro.
O objetivo do filme é chamar a atenção de governos e da sociedade civil para a situação de crianças, em todo o mundo e em realidades específicas: crianças que trabalham, afetadas pelo vírus HIV, abandonadas por suas famílias, discriminadas por fatores raciais e étnicos e crianças obrigadas a conviverem e participarem das guerras. Cada diretor procurou, à sua maneira e sob seus conceitos culturais, retratar tal realidade.
O episódio "Tanza" mostra um grupo de meninos numa guerra em um país da África; crianças ciganas obrigadas a roubar pelo pai alcoólatra na Sérvia é o tema de "Ciganos"; "Crianças de Jesus na América" mostra uma adolescente americana e a descoberta de que é portadora do vírus HIV; o jeito de sobreviver de dois irmãos que andam pelas ruas de São Paulo, é retratado pelo episódio brasileiro "Bilu e João"; o drama existencial de um fotógrafo de guerra inglês que volta à infância é o tema de "Jonathan"; "Ciro" mostra a vida de um garoto que rouba para sobreviver na cidade de Nápoles, Itália, e a história de duas garotas chinesas, uma em seu mundo rico e outra na miséria é o tema central de “Song Song e a Gatinha”.
A escolha dos episódios “Bilu e João”, dirigido pela brasileira Kátia Lund e “Jonathan”, dirigido pelos ingleses Jordan Scott e Ridley Scott, levou em consideração a realidade, o tema, as diferenças de linguagens, mas, principalmente, a forma diversa com que os diretores tratam o tema: o primeiro de forma mais alegre, apesar de todos os problemas enfrentados pelas crianças, o segundo numa atmosfera filosófica, crise existencial e fantasia. Duas escolas cinematográficas bem distintas.

“Bilu e João”
Direção de Kátia Lund

Um casal de irmãos interpretados por Vera Fernandes e Francisco Anawake sobrevive de catar papelão, latinhas de alumínio e metal nas ruas de São Paulo. Apesar de fictícia, o filme poderia ser confundido com um documentário, pela forma como a realidade é retratada.
Com planos bem abertos a diretora mostra a cidade de São Paulo, o concreto, as grandes avenidas, os arranha-céus, dando ênfase a toda falta de individualidade e generalização característica de uma metrópole com cerca de 12 milhões de habitantes.
O realismo mostra um quadro da pobreza urbana de uma favela, espremida por grandes viadutos e avenidas largas, congestionamentos de veículos e de pessoas. Em uma situação de exploração do trabalho infantil, que começa com o próprio pai, várias situações de pequenas explorações são mostradas no decorrer do filme.
As relações comerciais ultrapassam as relações afetivas. Inclusive por parte das crianças que assimilam essas relações e passam a agir da mesma maneira. Uma das cenas que demonstra de maneira clara esta relação é quando constroem um joguinho de futebol com pregos e uma moeda e passam a comercializar a diversão alheia.
A cena mais marcante do filme, porém fica mesmo no seu final que mostra a favela em primeiro plano e os arranha-céus de vidro, da cidade mercantilista, do sistema onde impera o capital, contrastando com a miséria. O mais interessante é que as crianças estão vendendo latinhas e papelão para que o pai possa comprar tijolos. Fica aí a metáfora da “construção” da própria vida.
Esteticamente o filme apresenta na maioria das cenas uma grande poluição visual e sonora, em algumas delas dificultando inclusive o entendimento dos diálogos entre os personagens, também característica marcante de uma estética contra os padrões de beleza, pureza e satisfação defendida pela corrente clássica. Não há tão pouco nenhuma relação com a proporção, simetria e ordem, conceitos de Aristóteles para definir a estética.
O homem é colocado como o centro da trama, deixando claro o tom de materialismo da urbanidade, contradizendo também a estética medieval. Só há desproporções em tamanhos quando a diretora mostra planos abertos da cidade e do homem individual, esta relação sim, deixa claro que o homem é muito pequeno perante a metrópole.

“Jonathan”
Direção de Jordan Scott e Ridley Scott

Com uma linguagem diferenciada, o filme “Jonathan” foi considerado pelos críticos o episódio mais atípico. Um fotógrafo de guerra sofre uma crise depressiva pelos horrores das situações que retratou, principalmente com crianças, e entra numa fantasia em que revisita a si mesmo quando menino.
Em uma floresta da Inglaterra, o fotógrafo encontra-se com dois meninos e ele próprio volta a ser criança. O cenário do filme passa a ser de sonho, a temperatura fria, cenas com neblina e fotografias contra-luz reforçam este clima.
A cena que demarca o conflito do personagem é quando os três meninos brincam entre as árvores e chegam a uma trincheira, no meio de uma guerra, em um episódio de realismo fantástico, o menino passa a fotografar os horrores da guerra. Após o fim do tiroteio, retornam e o fotógrafo volta a ficar adulto.
O filme retrata o próprio conflito vivido por fotógrafos, documentaristas e jornalistas que buscam a estética de conflitos e injustiças sociais: até que ponto retratar apenas estes fatos ajuda na solução dos mesmos?
No caso do personagem, ele se sente impotente, passando a mensagem de que fotógrafos, cineastas e jornalistas também são cúmplices, parte do sistema, e não apenas testemunhas oculares.
No filme, que privilegia a linguagem poética, usando e abusando de metáforas, o mais poético é que começa e termina com citações. Em seu início cita o poeta inglês Willian Wordsworth: “Maravilhoso era, naquela manhã, estar vivo, mas ser jovem era o próprio paraíso”. Na última cena o próprio fotógrafo protagonista narra um pensamento que diz não se lembrar o autor: “a amizade multiplica o bem na vida e divide o mal”.
O filme é um bom exemplo da utilização do conceito de Platão, de que a aparência está ligada à moral e ao espiritual. Que a estética, a partir de conceitos de beleza, de harmonia, de simetria, pode elevar o homem a condição de rever seus próprios conceitos morais.

Considerações finais

Apesar de trabalhar diariamente com crianças e adolescentes em situação de risco social, conhecendo a realidade dura enfrentada por eles, analisar sob o aspecto estético o filme Crianças Invisíveis me revelou mais do que a problemática enfrentada no dia-a-dia dessas crianças e adolescentes.
A transformação do sistema econômico e, consequentemente do sistema social e cultural do homem se torna imprescindível na construção de uma sociedade que se pretende humana e, por extensão, erguida sob a luz da razão.
O filme mostra mais do que uma denúncia, um alerta: o ser humano, enquanto espécie, estará ameaçado se não souber cuidar das gerações que pretendem ser o futuro.

Anexo

Ficha técnica

Crianças Invisíveis : Itália/2005.
Título Original: All the Invisible Children.
Sete curtas metragens.
Episódios: Tanza (Tanza), Ciganos (Marjan), Crianças de Jesus na América (Jesus Children of America), Bilu e João (Bilu e João), Jonathan (Jonathan), Ciro (Ciro), Song Song e a Gatinha (Song Song & Little Mao). Duração: 116 minutos.
Direção: Mehdi Charef, Emir Kusturica , Spike Lee , Kátia Lund , Jordan Scott , Ridley Scott , Stefano Veneruso , John Woo.
Roteiro: Mehdi Charef, Spike Lee, Kátia Lund, Jordan Scott, Stefano Veneruso, Diego De Silva, Stribor Kusturica , Cinqué Lee, Joie Lee, Li Quiang.
Gênero: Drama.
Produção: Produção dos italianos Chiara Tilesi, Stefano Veneruso, Maria Grazia Cucinotta e Gaetano Daniele e os produtores associados Annarita Dell’Atte e Andrea Piedmonte.
A produção do filme teve apoio do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF). Também contou com o patrocínio do Ministério das Relações Exteriores italiano, com verbas revertidas para o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) e Programa Mundial de Alimentos.

Bibliografia

Nunes, Benedito. Introdução à filosofia da arte. São Paulo, Editora Ática, 2000.
Textos: Estética no pensamento grego, Mas, o que é belo?, Princípios da estética Clássica e Princípios da Estética Medieval.

quarta-feira, 26 de setembro de 2007

Jornalismo X Antropologia: quando o deadline fala mais alto

A temporalidade é um dos fatores que diferenciam as atividades do antropólogo e do jornalista.

Em artigo apresentado no XXV Congresso da Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação – INTERCOM, em 2002, a antropóloga e jornalista Isabel Travancas faz uma reflexão sobre as relações entre a antropologia e a comunicação, apontando várias semelhanças e diferenças entre os dois campos de atuação.
Dentre as principais semelhanças aponta o papel social de mediadores e pesquisadores, vivenciado pelos dois profissionais quando escrevem sobre suas experiências. Por outro lado, descreve algumas diferenças fundamentais entre o texto de pesquisa do antropólogo e a matéria jornalística do repórter.
Se o antropólogo goza da liberdade de escolher o tema de sua pesquisa, o tempo que gastará com o trabalho de campo e a subjetividade que reportará suas opiniões no trabalho final, no caso do jornalista, principalmente para os profissionais que atuam nas redações de mídias diárias, esta realidade é bem diferente.
No mundo das notícias, o repórter é pautado e a informação tende a seguir um caminho cada vez mais rápido, dando ênfase à simplicidade e à objetividade. O “furo” significa status para o veículo de comunicação que noticiou em “primeira mão”, não importando, muitas vezes, até mesmo a veracidade do fato.
Na era da globalização que unifica e massifica a informação, o jornalismo, principalmente, mas não somente o televisivo tem privilegiado a especulação, o sensacionalismo e o detalhismo, em busca de diversificação e de uma “roupagem própria” para um fato que todos noticiarão.
Embora a antropologia e o jornalismo se dediquem à observação, descrição e explicação, o chamado trabalho de campo, característica do antropólogo, vem perdendo terreno quando se trata do jornalismo, da investigação jornalística.
Esta investigação ainda está presente nos documentários, nas chamadas reportagens especiais, reportagens aprofundadas, livros-reportagens e outros tipos de texto que seguem esta linha, com um maior tempo de dedicação à pesquisa e à redação. Nestes casos sim, o jornalista e o antropólogo se aproximam de forma considerável, pois o jornalista passa a preservar suas opiniões, suas visões de mundo, sua subjetividade e o texto toma a sua personalidade, bem diferente do texto padrão do dia-a-dia de uma redação.
O deadline, um termo muito usado nas redações que vivenciam o jornalismo diário, quer dizer literalmente “fim da linha”, ou “prazo final” e é o grande fantasma dos jornalistas. Ou seja, em determinada hora, a reportagem deverá estar pronta, aconteça o que acontecer, esteja como estiver, depois do deadline o material não interessará mais, pois não sairá na edição do dia em se tratando de TV ou rádio, ou na edição do dia seguinte, quando o veículo for um jornal diário.
Ao fator do deadline, soma-se ainda outra característica da imprensa diária padronizada: a temporalidade. A notícia terá um consumo imediato, o texto é efêmero, será substituído em algumas horas. Novos fatos ou mesmo fatos que merecem maior atenção ganharão novos textos e interpretações. Ao contrário do trabalho do antropólogo, feito para ser estudado, interpretado, discutido. Um texto que tomará uma forma duradoura.
Assim, em se tratando de texto jornalístico para a imprensa diária, ou mesmo em tempo real, como na TV, rádio e internet, possuem critérios totalmente distintos de um texto antropológico, tanto em seu conteúdo, quanto em sua forma.


Leia +
Jornalistas e antropólogos – semelhanças e distinções da prática profissional – artigo de Isabel Travancas (arquivo em pdf)
Antropojornalismo: uma ajuda para entender a crise – artigo de Antonio Brasil
Acessados em 23/09/07

quarta-feira, 19 de setembro de 2007

As várias pétalas da última flor do Lácio

O fenômeno do empréstimo cultural se dá em todas as áreas do fazer e do conhecimento humano, em todos os países. A maneira de se vestir, de comer, de beber, de se divertir, de se transportar, dependem de uma infinidade de produtos e invenções transmitidas e incorporadas de uma cultura a outra.
Este fenômeno também se dá no processo de formação da língua, uma das principais características que definem um grupo cultural. Mas quando uma palavra estrangeira se introduz em uma outra língua, sempre levanta polêmicas e este processo não envolve apenas o aspecto lingüístico, mas também questões culturais e políticas.
Na língua portuguesa os empréstimos culturais vêm de longa data, desde a constituição da própria língua, uma vez que, durante a romanização, houve contato íntimo entre o latim e as línguas das regiões conquistadas. Desse contato ficaram os vestígios da língua de um povo vencido na língua do povo vencedor. O latim culto, por sua vez, já recebia enorme influência do latim vulgar. Foi desta mescla que a língua portuguesa foi tomando corpo.
Segundo um levantamento feito pela Academia Brasileira de Letras, a língua portuguesa tem, atualmente, cerca de 356 mil unidades lexicais. Essas unidades estão dicionarizadas no Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa.
O português é conhecido como A língua de Camões , por ser a língua de Luís de Camões, autor de Os Lusíadas, A última flor do Lácio, expressão usada no soneto Língua Portuguesa de Olavo Bilac ou ainda A doce língua, utilizada por Miguel de Cervantes.
Hoje, a língua portuguesa é falada por mais de 210 milhões de pessoas, sendo a quinta língua mais falada no mundo e a terceira mais falada no mundo ocidental. Idioma oficial de Portugal e do Brasil, e idioma oficial, em conjunto com outros idiomas, de de Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Macau, Moçambique, Guiné Equatorial, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste, sendo também falada na antiga Índia Portuguesa (Goa, Damão, Diu e Dadrá e Nagar-Aveli).
Por ser um organismo vivo, a língua foi se formando por influências culturais de vários outros povos, vários idiomas e dialetos, até chegar ao estado conhecido atualmente.
O português contemporâneo compreende vários dialetos e subdialetos, falares e subfalares, muitas vezes bastante distintos, além de dois padrões reconhecidos internacionalmente, o português brasileiro e o português europeu.
Mas as relações políticas, culturais e comerciais com outros países, introduziu e continua introduzindo empréstimos de outras línguas modernas. Assim, incorporaram-se ao português palavras provenientes do francês, como chefe, hotel, jardim, paisagem, vitral e vitrina; do inglês, como futebol, bife, corner, pudim, repórter, sanduíche e piquenique; do italiano, como adágio, alegro, andante, confete, gazeta, macarrão, talharim, piano, mortadela, serenata e salame; do alemão, como valsa, manequim e vermute.
São de origem asiática as palavras azul, bambu, beringela, chá, jangada, leque, laranja, tafetá, tulipa e turbante; de origem africana vêm as palavras angu, batuque, berimbau, cachimbo, engambelar, marimbondo, moleque, quitanda, quitute, samba, senzala e vatapá, dentre tantas outras. No português do Brasil, acrescentam-se ainda inúmeros indianismos.
Dos celtas herdamos palavras como carro, cabana e cerveja. E não é difícil identificar as palavras de origem árabe existentes no nosso idioma por causa da presença do artigo invariável al. Assim, temos alfazema, alfaiate, alfange e azeite e açougue, onde o “l” do artigo foi assimilado pelas consoantes “z” e “c”.

Empréstimos e invasões
A cada dia, termos e expressões são considerados obsoletos e caem em desuso. É o caso das gírias, por exemplo, que têm vida curta e localizada na vida lingüística. Objetos que não se usam mais também desaparecem da fala e da escrita do dia-a-dia, como mata-borrão (utilizado para absorver o excesso de tinta do texto escrito com pena ou caneta tinteiro), completamente desconhecido das novas gerações. Paralelamente, com o avanço da tecnologia, novos termos são incorporados à língua, como homepage, escanear, deletar, entre outras expressões.
A coexistência da língua que cede e da língua que recebe o vocábulo tende a modelar a palavra. Toda importação, no entanto, vem de uma cultura estrangeira e traz consigo valores que interferem e modificam a cultura importadora.
A globalização e a rede internet tem tornado o inglês uma fonte de inúmeros empréstimos, sobretudo nas áreas técnicas, o que demonstra a estreita ligação que o processo de mudança lingüística tem com a história social, política e cultural de um povo.
No caso específico do inglês americano e sua influência na língua portuguesa no Brasil, a interferência da língua e sua influencia ultrapassa a questão técnica.
Palavras como movie, estresse, bus, hamburguer, rock, trade, check in, CDRom, marketing, merchandising, ok, em off passaram a fazer parte do português como se fossem termos insubstituíveis e intraduzíveis.
Os jovens de classe média e alta usam corriqueiramente os anglicismos como fashion, boyzinho (mistura da palavra inglesa boy, com sufixo português), overdose, personnal trainer, personnal stylist, rave, please , play, feeling , top, down, D.J.,V.J., expert, yes e muitos outros perfeitamente dispensáveis.
Em bairros onde se concentram as camadas mais pobres e, consequentemente, menos letradas da população, não é difícil encontrar bares exibindo placas com o termo “X-burgue”, ao invés de cheese-burguer. Em contra partida a camada mais abastada economicamente se vangloria de freqüentar os Shopping centers, ao invés de Centros de compras.
O empréstimo de vocábulos de uma língua à outra é perfeitamente natural, mas não pode tomar o papel de dominação social, política, econômica e cultural, encolhendo e empobrecendo a língua que recebe esta influencia.
Para Nelly Carvalho, professora do Departamente de Letras da Universidade Federal de Pernambuco, “a intromissão exagerada de outra língua apaga as experiências compartilhadas e acumuladas pela comunidade de fala , tornando-as impessoais. A língua materna, no caso brasileiro, o português, seria a última identidade que restará, se as demais forem perdidas”.

links:
língua portuguesa - http://joaoxms.sites.uol.com.br/
última flor do Lácio - http://intervox.nce.ufrj.br/~edpaes/flor.htm
Nelly Carvalho - http://www1.universia.com.br/materia/materia.jsp?materia=8585
acessados em 18/09/07

terça-feira, 18 de setembro de 2007

Blog do Sindijor


Os jornalistas estão colaborando e o blog do Sindijor está recebendo atualizações. Participe você também mandando sua mensagem. Clique aqui.

Desenvolvimento de um site / blog

- Definição e planejamento (assunto);
- Arquitetura (forma);
- Desenho (design);
- Construção / ferramentas;
- Marketing;
- Continuidade / Avaliação;
- Atualização.

Sobre o texto
- Usar pirâmide invertida,mas explorar mais recursos (links internos, fotos, vídeos);
- Explorar os links;
- Ler na tela é 25% mais difícil;
- Explorar pautas temáticas;
- Dar atenção para a interatividade.

sexta-feira, 14 de setembro de 2007

Oito mandamentos do jornalismo on-line

1 - Conceber o hipertexto em função da estruturação e da apresentação visual da informação;
2 - Recorrer às múltiplas competências de especialistas da informação dos conteúdos e dos problemas tecnológicos;
3 - Resolver problemas de segmentação de informação;
4 - Enriquecer a conexão do hipertexto com numerosos “nós”;
5 - Manter a coerência na criação dos “nós” entre os documentos;
6 - Trabalhar a partir de uma lista de referências;
7 - Prever uma navegação simples, intuitiva e coerente;
8 - Vigiar a qualidade visual da(s) tela(s).

terça-feira, 11 de setembro de 2007

terça-feira, 4 de setembro de 2007

A convergência de mídias e o jornalismo

O que João Rios e Fernanda Correa chamam de open media já está presente em nosso dia-a-dia. No mundo “moderno”, a informação transita rapidamente e ao mesmo tempo por vários veículos de comunicação. Rádio, TV, internet, celular, jornal e revista servem de fontes de informação, muitas vezes interagindo entre si.
Se o comportamento multimídia do consumidor exige uma nova postura no mercado publicitário, onde a audiência dita as regras, não é diferente com o profissional de jornalismo, responsável pela captação e veiculação de informações.
O mercado fica cada vez mais restrito para os chamados profissionais especializados em apenas um veículo de comunicação, como o profissional de rádio, de tv, de veículos impressos e, ao mesmo tempo, se abre para o profissional multimídia, tendência que se firma com o webjornalismo e a interatividade.
Hoje, não é raro o repórter escrever um texto para um veículo impresso e também para a web, adaptando-o com a utilização de hiperlinks, que remetem a textos complementares, foto, áudio e vídeo. Blogs de jornalistas se multiplicam, tornando-se, muitas vezes, fontes para outros profissionais da área, e praticamente todos os grandes veículos impressos já possuem suas versões on-line.
A open media, ou a comunicação aberta, abrangente, não é uma tendência do futuro, mas do presente. Não é um campo que se abrirá, mas que se ressente da falta de profissionais.

Sites de webjornalismo

http://www.webjornalismo.com
O site webjornalismo.com é assinado por João Manuel Messias Canavilhas, licenciado em Comunicação Social pela Universidade da Beira Interior, Covilhã, Espanha e DEA em Comunicacção, Audiovisual e Publicidade, pela Universidade de Salamanca. Traz artigos sobre webjornalismo de vários autores, notícias, links e agenda. Oferece versões em português, espanhol, inglês e francês. Tem ainda um webjornal.

http://www.webjornalismo.cjb.net
Intitulado de “jornalismo on-line: guia teórico e prático”, o site é um trabalho de pesquisa acadêmica realizada por Gelson Souza no curso de Jornalismo da Unoeste/SP, como TCC (Trabalho de Conclusão de Curso).O site pretende atender os interessados em compreender e atuar no jornalismo on-line. Traz artigos, bibliografias e links sobre o assunto.

http://artefato.digital.jor.br
O site é um jornal laboratório do curso de Comunicação Social da Universidade Católica de Brasília. É dedicado às novas tecnologias e novas mídias na área de jornalismo. O webjornalismo tem destaque em matérias, opiniões e entrevistas. É possível comentar as matérias e enviá-las por e-mails. O site mantém uma lista de links de outros sites relacionados ao webjornalismo.

Casa abriga crianças e adolescentes vítimas de tráfico de pessoas

Parceria internacional intensifica o combate, a prevenção e o cuidado às vítimas de tráfico para fins de exploração sexual

Inaugurada há mais de um mês, a casa-abrigo para crianças e adolescentes vítimas de tráfico para fins de exploração sexual é uma ação conjunta da Prefeitura, através da Secretaria Municipal de Ação Social, da organização não-governamental Partners of the Americas (Companheiros das Américas) e Fundação Nosso Lar, com o apoio da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID).
O modelo de abrigo implantado em Foz do Iguaçu faz parte do Programa de Assistência a Crianças e Adolescentes Vítimas de Tráfico para fins de Exploração Sexual e já existe em 11 cidades brasileiras.
O programa tem o objetivo de melhorar o atendimento a crianças e adolescentes vítimas de exploração sexual comercial e tráfico para fins sexuais e fortalecer as redes locais de organizações governamentais e não-governamentais, que oferecem serviços na área jurídica e psicossocial. Também são estabelecidas parcerias com profissionais de saúde, educação e segurança para que atendam esse público específico de forma adequada.

Necessidade - A diretora da Fundação Nosso Lar, Ivania Ferronato, explica que a casa é uma necessidade, pois crianças e adolescentes vítimas de tráfico de pessoas precisam ser tratadas de forma diferenciada. Segundo Ferronatto, as crianças e adolescentes que passaram por uma experiência traumática deste porte, precisam de um acompanhamento psicológico constante, “temos que devolver a auto-estima, devolver a vida para estas crianças”, disse.
Com capacidade para atender 10 crianças e adolescentes, atualmente, a casa abriga três adolescentes. Bruna, 17 anos, está na casa desde a inauguração, no início de julho. Levada para a cidade de Naranjal, no Paraguai, a adolescente foi explorada sexualmente por quase um ano, em uma boate. Após uma denuncia e reencaminhada ao Brasil, está sob os cuidadas da Fundação Nosso Lar há seis meses. Sua família é de Londrina, mas os maus tratos sofridos pela adolescente fez com ela fugisse de casa aos 14 anos.
Depois de passar pela experiência de ser explorada, Bruna alerta: “é preciso tomar cuidado com as propostas de emprego fáceis demais, eles levam mesmo para fazer a gente de escrava”.

Hiperlinks


Partners
A Partners of the Americas une, em parcerias binacionais, regiões da América Latina e do Caribe a estados norte-americanos, reunindo um total de 60 Comitês Companheiros.
No Brasil, 19 estados da federação estão ligados a estados norte-americanos. Brasília - e todo o Distrito Federal - tem como estado-parceiro a capital dos Estados Unidos, Washington D.C., constituindo-se assim o Comitê Brasília-Washington. O estado do Paraná tem como “Companheiro” o estado norte-americano de Ohio.
Os Companheiros das Américas tem sua sede geral em Washington D.C. de onde a organização coordena a prestação de apoio profissional, treinamento e assistência técnica a todos os 60 Comitês Companheiros. A entidade central também angaria grande parte dos recursos financeiros destinados à execução dos programas sociais desenvolvidos pelos voluntários nas três Américas.
Os associados, em forma de Comitês Norte-Sul, somam mais de 25.000 pessoas que doam parte de seu tempo e capacidade para desenvolver mais de 2.000 projetos, que atingem cifras superiores a US$ 70 milhões, destinados a atender às demandas geradas pelas necessidades de centenas de milhares de habitantes de comunidades carentes.
Para financiar esses programas, empresários e setor público contribuem com recursos monetários, doações de equipamentos e apoio.
Os projetos da Partners atendem as áreas de agricultura, intercâmbio universitário, comunicação, cultura, desenvolvimento comunitário, educação especial, esporte, indústria e comércio, meio ambiente, saúde, tecnologia e vida familiar.

Fundação Nosso Lar
A Fundação Nosso Lar foi criada em 1996 para servir de alternativa à situação de crianças e adolescentes órfãos, abandonados ou sob júdice, abrigadas numa única instituição. É uma organização não governamental que atende em regime de casas-lares, onde um pai e uma mãe sociais atende um grupo de crianças e adolescentes.
Atualmente, através de um novo convênio com a Prefeitura Municipal, desde fevereiro de 2006, atende cerca de 90 crianças e adolescentes, através de oito casas-lares, duas “casas de passagem”, para crianças (0 a 11 anos) e adolescentes (12 a 17 anos), que ingressam na instituição e uma “casa da juventude”, cuja função é preparar os adolescentes para o desligamento.
Dentro deste contexto, as crianças e adolescentes têm atividades sociais normais dentro e fora de suas casas, além de atividades culturais, esportivas, de entretenimento e educacionais.
Saiba mais: www.fnl.org.br

Tráfico
O tráfico de pessoas é definido como o recrutamento, o transporte, a transferência, e o alojamento ou acolhimento de seres humanos mediante ameaça ou uso da força, coação ou fraude, para fins de exploração. Esta exploração refere-se à obtenção de lucro com a prostituição de outros, bem como a outras formas de exploração.O Brasil é um país considerado de origem, trânsito e destino para o tráfico de seres humanos com fins de exploração sexual comercial e outras formas de exploração do trabalho forçado.
A maioria dos casos é de mulheres e crianças, que são traficadas para fins de prostituição, tanto interna, quanto internacionalmente. Ao mesmo tempo, o Brasil segue como um dos principais destinos mundiais para o turismo sexual.
Em Foz do Iguaçu organizações não-governamentais e poder público formam uma rede de combate e prevenção ao tráfico de pessoas. A localização geográfica, a facilidade de cruzar fronteiras e o grande fluxo de pessoas que circulam pela região facilitam o tráfico de pessoas, principalmente mulheres, crianças e adolescentes para fins de exploração sexual.

Pauta

Segundo organizações não governamentais ligadas aos direitos humanos, Foz do Iguaçu está na rota do tráfico de pessoas.
A Casa abrigo para crianças e adolescentes vítimas de tráfico de pessoas, financiada pela ong Partners of the Americas e administrada pela Fundação Nosso Lar, completou um mês de funcionamento.

- O que é a casa.
- Como está funcionando.
- Quantas crianças e adolescentes está atendendo.
- Como está a situação deste problema na fronteira.

Hiperlinks
Partners of the Americas
Fundação Nosso Lar
tráfico

Fontes
Diretora da Fundação Nosso Lar (Ivania Ferronato).
Adolescente abrigado.