sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Murro em ponta de faca

Hélio do Carmo, presidente da Guarda Mirim de Foz do Iguaçu ( foto: Ponto de Vista)

Recebi do amigo Hélio do Carmo, presidente da Guarda Mirim de Foz do Iguaçu (GMFI), e-mail informando que para o início do ano letivo, a instituição estará realizando nos dias 2, 3 e  4 de março, a recepção dos adolescentes assistidos.
Segundo o e-mail, “o evento contará com stands com informativos sobre profissões, educação, saúde, alimentação e atividades recreativas”.
A GMFI, fundada em 1977, faz um importante trabalho de inserção e acompanhamento de adolescentes no mercado de trabalho, além de oferecer cursos profissionalizantes, atividades de lazer, esporte e cultura aos adolescentes atendidos. Destacando a “Banda da Guarda Mirim” (farei uma postagem especial a este ótimo trabalho), convidada para fazer apresentações em quase todos os eventos da cidade.
É importante frisar que o Hélio é um “ex-guardinha” (como são conhecidos os adolescentes que passaram pela instituição), que assumiu a presidência da entidade e vem realizando um trabalho irrepreensível. Com toda a certeza por conhecer a realidade destes adolescentes e não ser mais um “burocrata político”, com contatos no “primeiro escalão” e interessado num cargo público. Conheço a pessoa e posso dizer que ele não está em “Passargada” e nem é “amigo do rei”.
Infelizmente a GMFI não recebe o apoio que merece, pois a fila de espera de adolescentes que querem uma oportunidade é quilométrica e a instituição não consegue atender a todos, aliás, como todas as entidades que realizam trabalhos sociais com crianças e adolescentes na cidade, mesmo as que tentam apenas amenizar os estragos irreparáveis que o atual sistema econômico, político, social e cultural causam em nossos futuros homens e mulheres (muitos sem nenhum futuro).
Esta semana foi divulgado mais um índice de mortalidade juvenil no país e, também infelizmente, Foz do Iguaçu continua entre as cidades com o maior índice. Já escrevi artigos e matérias, já falei muito sobre este tema e, às vezes, cansa.
Muitos destes adolescentes que estão na fila de espera da GMFI não terão nenhuma oportunidade, estarão na lista dos adolescentes vítimas da violência. Só o poder público municipal não vê. Mas....

Parabéns pelo trabalho do Hélio à frente Guarda Mirim de Foz do Iguaçu, um dos que continuam dando "murro em ponta de faca", mas estas são as pessoas necessárias, estas fazem a diferença!

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

CDHMP se posiciona quanto ao transporte público

Olírio dos Santos, Aluízio Palmar e Danilo Georges entregam petição na Promotoria (Megafone)

Recebi do amigo Danilo Georges, do Centro de Direitos Humanos e Memória Popular de Foz do Iguaçu (CDHMP), reorganizado na cidade no ano passado, um e-mail contendo link para uma matéria publicada no Portal Magafone.

O CDHMP apresentou à Promotoria de Defesa do Consumidor petição sobre o sistema de transporte coletivo de Foz do Iguaçu.  O documento pede ao Ministério Público a instauração de inquérito civil público, bem como propõe uma ação civil pública.
A denúncia reforça que os usuários do transporte coletivo vivenciaram dias de tensão e desconforto nas últimas semanas, “dado ao fato da má qualidade do serviço e das decisões do poder público municipal e dos empresários que atuam no setor adotarem decisões que não contemplam o real interesse da população”.

Apóio e assino em baixo da iniciativa do CDHMP. O poder público municipal e o consórcio “Sorriso” trataram os usuários do transporte público como gado: “entre aí e fique quieto!”, mas os usuários mostraram que são cidadãos e estão “pagando”, e caro por este serviço, exigindo mudanças. Concordo que não basta voltar ao que era, é preciso melhorar, e melhorar muito. Os responsáveis pelo transporte público da prefeitura e os responsáveis pelo Consórcio “Sorriso” deveriam entrar em um ônibus às 7 da manhã, ou às 6 da tarde. Garanto que o Consórcio mudaria de nome!

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Elogio à Casa


“A praça é do povo, como o céu é do condor” (Castro Alves).

Depois de um período sem postar, por alguns fatores particulares, volto com o blogue, por pensar que seja uma importante ferramenta de comunicação. Na verdade desde o ano passado não postei mais nada, então: “feliz 2011 a todos nós!”.
Porém, resolvi voltar de uma forma diferente, o blogue que, até hoje, foi informativo, tomará um caráter, a partir desta nova fase, opinativo.
Então, sabendo da importância da ferramenta e já no novo formato, quero dedicar a minha primeira postagem de 2011 a uma iniciativa da Casa do Teatro, enquanto instituição, sempre inovadora, mas também enquanto às pessoas que dela fazem parte, pois as instituições não são “entidades” abstratas, dependem exclusivamente de quem faz parte delas, e suas iniciativas. Dedico a atenção, em especial, à minha querida amiga Arinha Rocha (a Rosli, que conheço há “séculos”), mas na pessoa dela, dedico a atenção a todos que fazem parte desta corajosa ONG, que há muito tempo luta contra o descaso do poder público pela cultura em Foz do Iguaçu (falarei sobre isto posteriormente).
Sábado (19) estive, com minha filha de 9 anos, numa iniciativa cultural da Casa do Teatro na praça do teatro Barracão, teatro hoje administrado pela Casa. Minha filha, em particular, ficou muito feliz, encantada pode se dizer, pois pôde rever as suas orientadoras de dança e de teatro do Projeto Plugados (Casa do Teatro/Itaipu), do qual ela participou ano passado, estudante que é de escola pública, preceito que não abro mão.
Ela presenciou dança, música, literatura, fotografia, história, ela cresceu enquanto pessoa, enquanto cidadã, responsável em criar um mundo, ou pelo menos uma cidade melhor do que esta em que vivemos. Ela leu, conversou, fez novas amizades, viu a cidade dela de uma forma diferente, sob o olhar de uma exposição de fotografias históricas da Guatá (outra ONG parceira da Casa, que faz, entre outros, um trabalho importantíssimo de resgate histórico) e não sabia que a cidade dela “foi assim”. Voltou para casa com mais conhecimento e com pinturas no rosto e nas mãos, e queria dormir com elas, mas disse que não poderia (caso de higiene), mas pela insistência acabei cedendo, ela queria mostrar aos amigos, e o coração mole de pai acabou falando mais alto, mas as palmas das mãos e entre os dedos ela lavou, com todo cuidado que merece uma lavagem sem tirar uma pintura feita na praça pela orientadora que ela conhecia e que transmitiu tanto respeito e confiança, que ela não queria tirar, talvez porque ela se sentisse orgulhosa da cidade dela, pelo símbolo, mas talvez só pela pintura mesmo, não importa, quem vai poder dizer o que se passa na cabeça de uma menina de 9 anos que acabou de sentir orgulho da cidade dela? Podemos apenas proporcionar isto. A Guatá proporcionou isto a ela. E ela, com apenas 9 anos,  falou: “pai, nossa cidade é bem antiga né? e bem diferente agora, mas sabia que eu gosto dela?” Talvez seja esta a semente da cidadania: o conhecimento. O “eu gosto dela!”. E por gostar dela, a querer melhor, para todos os que vivem nela, incluindo a própria pessoa.
Na verdade, o sentido de escrever esta crônica é que eu e ela demos uma volta na praça e entre um jogo e outro, uma brincadeira e outra (adoramos brincar de rimas, adivinhações e outros jogos), pude ver que aquela praça transborda de vida, de vida comum, de pessoas comuns, gente, apenas gente, apenas pessoas comuns, com histórias comuns, não interessantes aos intelectuais pomposos, pois histórias comuns de gente comum (ui!) não interessam muito, mas com toda certeza do mundo, as pessoas comuns que se aproximaram da iniciativa da Casa do Teatro, e participaram das atividades, voltaram para casa, sábado passado, melhores do que saíram, e se a iniciativa perdurar, estará formando cidadãos, numa cidade que precisa e está muito carente disto. A democratização da informação e do conhecimento se dá em ações como estas, de verdade, não em discursos evasivos de um poder público omisso a estas e outras questões. Disto não precisamos mais.
Esta iniciativa da Casa do Teatro merece o meu apoio e elogio.

Parabéns à Casa do Teatro!