Equipe que fez a cobertura do intercâmbio cultural Brasil-França, em 2007
A partir de hoje o blog tem um novo colaborador: o jornalista e amigo Yassine Hijazi.
Conheci Yassine em 2007, quando fomos para as cidades de Toulouse e Paris (foto), França, no intercâmbio cultural entre a Universidade de Toulouse e a União Dinâmica de Faculdades Cataratas (UDC). Durante a viagem uma equipe de estudantes de jornalismo fez a cobertura de todas as atividades do grupo, mandando matérias para a TV e jornais impressos de Foz do Iguaçu. Yassine foi o fotógrafo da equipe e registrou belas imagens. Em seu primeiro artigo para o blog, também publicado no jornal A Gazeta do Iguaçu, Hijazi fala das agruras e anseios dos que vivem clandestinamente no país. De uma forma quase poética, consegue humanizar este problema, apontando caminhos e opinando sobre o assunto.
Confiram o artigo:
LEI
A espera de uma identidade nacional
*Yassine Ahmad Hijazi
Os olhos e principalmente a atenção de bolivianos, chineses, paraguaios, argentinos, libaneses, árabes, africanos, portugueses, coreanos... morando clandestinamente em solo nacional estão atentos aos movimentos das leis no Brasil, em especial, a da anistia. A data para a sansão presidencial está prevista para o dia 6 de julho.
Contagem regressiva só semelhante a grandes datas como nascimentos, casamentos, abertura de novos empreendimentos, conquistas no campo intelectual e daqui a pouco a Copa do Mundo onde os novos anistiados terão mais um motivo para festejar as cores verde e amarela.
Mais do que comemorar a inclusão social, o gesto do Brasil aos que aqui chegaram e decidiram ficar, a possibilidade de obter uma identidade transcende ao papel, eterniza o sonho de residir e poder dizer que é um imigrante legal. Junto com a “paternidade nacional”, o país ganha com a legalização.
Entre elas humanizar vidas escondidas socialmente. Dar descanso a histórias nem sempre felizes dos que chegaram, porque ser um ilegal é ter um passado já comprometido com a forma de transporte e meios usados para ingressar no destino escolhido. Levante a mão quem já não soube ou leu histórias e notícias de alguém que não tenha conseguido chegar sufocados em porões de navios, containeres ou em caminhões frigoríficos.
Daqueles que enfrentam a natureza vestidos apenas com a roupa do corpo como recentemente o mundo assistiu aos barcos da África buscando refúgio na Itália. Ao tratar da questão tendo com cerne a possibilidade de acolher os estrangeiros, o Brasil diz sim não apenas a uma das discussões que preocupa o mundo, mas oferece pátria.
Recentemente em um dos concursos para o doutorado mais concorridos do país o tema também foi a imigração junto com o debate contra as drogas e ameaças provocadas pelo terror. Aqui na fronteira somos território de chegada de muitas nacionalidades. Também somos o caminho para que elas se desloquem para o resto do tapete nacional.
Estimativas nem sempre uniformes – por razões obvias – o número de ilegais varia entre 200 mil a 600 mil. Se olharmos apenas para o último é como se duas populações equivalentes aos moradores de Foz do Iguaçu esperam pelo documento de permanência no país. A primeira vez que estrangeiros ilegais foram beneficiados aqui foi em 1982, em seguida em 1988 e a última vez em 1998.
Com a lei o Brasil entra no eixo dos discursos defendidos pelas organizações mundiais como a ONU, Unesco e as ONGs que defendem os direitos humanos.
Na América do Norte – fronteira entre os EUA e o México a história vive seu revés. Ao invés de derrubar a burocracia, muros estão sendo construídos para barrar quem tenta chegar sem o trâmite permitido. Entre os povos que mais buscam as cores branca, vermelha e azul são os latinos, os africanos e asiáticos.
Do Brasil para o mundo os destinos mais desejados são também os EUA a Itália, a Espanha e a França, perfazendo um total de quase seis milhões de brasileiros fora do país, quase duas vezes a população do Líbano.
*Yassine Ahmad Hijazi é jornalista e acadêmico de Relações Internacionais.
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