terça-feira, 21 de outubro de 2008

Algumas palavras sobre o amor



(*) Célia Musilli

Vladimir Maiakóvski morreu aos 37 anos, foi o poeta da revolução russa, aquele para quem o amor também era revolucionário. Sua vida pessoal foi cheia de conflitos. Ele amou Lilia Brik, mulher de seu amigo Ossip Brik, e os três viveram na mesma casa, num tempo em que este tipo de amor era uma heresia. Hoje não há mais heresia nem amor. O que se vê por aí é um comodismo dos diabos, de gente que ama na medida do possível e morre de medo dos riscos.

O amor deixou de ser um ato de coragem, não se roubam beijos nem se perde a cabeça, o amor é uma apólice de seguros. Hoje quem ama faz planos, discute a relação, coloca os bens no papel, evita ter ciúmes, fazer escândalos, é politicamente correto. O amor morreu de tédio, não vale mais nem um tango, quem dirá a aventura de acreditar no impossível.

Nos dias de hoje, Romeu e Julieta não morreriam, porque a paixão é um objeto descartável. Dom Quixote não sonharia com Dulcinéia, mas acordaria lúcido e decidido a ganhar a vida, usar gravata, comprar o carro do ano, um apartamento pelo sistema financeiro, fazer poupança para gastar no Wall Mart, casar no civil e no religioso, partir em lua-de-mel mais pela viagem do que pela noiva, filmar a cerimônia de beijos combinados, cenas estratégicas, script em DVD para mostrar aos amigos, foto presa eternamente ao celular.

O amor morreu de velho. Não se sabe mais em que endereço vive, não vale pela loucura, a invasão dos quartos, a fuga pela porta dos fundos. O amor agora entra pela frente, contenta-se com a sala de visitas, a TV em tela plana, o home theater, o teatro doméstico sem intimidades ou atos proibidos. A permissividade é apenas um engodo, a liberdade um emblema fake dos tempos que mudaram. Mudaram para pior, para a tristeza dos poetas que, como Maiakóvski, acreditavam que a paixão era uma ressurreição, um sopro de desassossego, um vento criativo, um emblema da transformação à custa de prazer e risco, à custa de teimosia. Algo assim como Adão e Eva, Tarzan e Jane, Páris e Helena, Tristão e Isolda, Mickey e Minie, John e Yoko.

Hoje o amor só tem senhor e senhora, os dois numa vidinha prática, no apartamento decorado, na cozinha planejada como a rotina do casal. Os amantes tornaram-se sócios, acabaram-se as surpresas, extinguiram-se os suspiros, findaram-se as tempestades porque negociar sai mais barato. Hoje o amor tem um preço, ninguém se arrisca para não perder muito. As relações são corretas, o amor uma versão do companheirismo sem sal, com gosto de chá de comadres, pizza para terminar os domingos.

Às vezes dá uma saudade danada da revolução, do tsunami da emoção, do risco de amar pelo que as pessoas têm a oferecer, não pelo seu saldo em conta, porque o amor é inumerável. Em homenagem ao amor perdido num endereço sem volta, segue o trecho de um poema de Vladimir Maiakóvski, sopro delicado da ressurreição. Páscoa dos que um dia celebraram a vida.

"Ressuscita-me,
nem que seja só porque te esperava
como um poeta,
repelindo o absurdo cotidiano!
Ressuscita-me,
nem que seja só por isso!
Ressuscita-me!
Quero viver até o fim o que me cabe!
Para que o amor não seja mais escravo
de casamentos,
concupiscência,
salários.
Para que, maldizendo os leitos,
saltando dos coxins,
o amor se vá pelo universo inteiro....

...Para que doravante
a família seja
o pai,
pelo menos o Universo,
e a mãe,
seja no mínimo a Terra."
(Fragmentos do poema O Amor, de Vladimir Maiakóvski , 1893 - 1930)

(*) Célia Musilli é jornalista em Londrina, Paraná.

Ouça "O Amor", musicada por Caetano Veloso na voz de Gal Costa


Leia as poesias de Célia Musilli publicadas no portal guatá
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sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Catadores de Sonhos

“Catadores de Sonhos” é um projeto de Conclusão do Curso de jornalismo da União Dinâmica de Faculdades Cataratas – UDC, idealizado pela amiga Ivanir Gebert.

A escolha pelo projeto fotográfico “Catadores de Sonhos”, segundo Iva, como nós a chamamos, “foi decidida quando estava no 6º período da faculdade. Sempre gostei muito do trabalho do Fotógrafo Sebastião Salgado e, ao ganhar o livro “O Berço da Desigualdade”, onde Salgado faz um retrato da educação no mundo, decidi fazer um projeto fotográfico documental. Aquelas fotos em preto e branco me tocaram. Esse sentimento, eu entendi melhor, mais tarde, ao ler Barthes, em A Câmara Clara. Era o Punctum”.

O projeto e as fotos estão disponíveis na web no site

http://www.ivanirgebert.com.br/

Eu recomendo a visita!

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quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Tecnologia solidária


A Associação Madre Terra acaba de instalar um sistema de irrigação computadorizada na horta e no pomar, cuidados por 10 adolescentes atendidos pela organização não-governamental.

Apesar da chácara mantida pela Associação ter um lago, “isso não significa que podemos desperdiçar água, um bem muito valioso”, explica Neldo Bruxel, um dos educadores que trabalha com os adolescentes.

O sistema foi doado e importado da Itália, onde fica a sede da Associação Ore Undici, mantenedora do Projeto Madre Terra aqui no Brasil. Joseppe Luigi Marini, o doador, um contabilista da cidade de Cagliari, localizada na ilha de Sardenha, Itália, veio ao Brasil, a convite da Associação, para acompanhar a instalação.

Tendo nos sistemas de irrigação um hobby, Marini explicou que “este é o mesmo sistema usado no Oriente Médio, em regiões em que há escassez de água, e é fundamental o bom uso da mesma, mas aqui como em todo o planeta é preciso usar racionalmente a água que temos, pois é um bem que pode acabar e aqui, com este sistema, a produção vai melhorar, o que se reverterá para o Projeto e para os adolescentes mantidos pela Madre Terra”.

Captando a água de um lago, o sistema a leva através de 12 quilômetros de tubulação e é ligado e desligado através de uma programação prévia, feita através de computadores.


De volta ao campo

Com a proposta de fazer o jovem sair do centro urbano e voltar ao campo, o Projeto Madre Terra está localizado no bairro Remanso Grande em Foz do Iguaçu. O nome “Madre Terra” (Terra mãe) sintetiza a idéia de uma escola fazenda voltada ao aspecto social, ou seja dar uma oportunidade de aprendizado e trabalho aos jovens e, ao mesmo tempo, despertar novos valores para com a natureza e a produção agrícola.

Em 37 hectares de terra, 10 adolescentes assistidos por técnicos agrícolas e educadores, cultivam produtos seguindo os critérios da agricultura biológica, ou seja, sem a utilização de produtos químicos nocivos ao solo, à água e à saúde humana.

Atualmente a chácara desenvolve um projeto de piscicultura, com a criação e venda de peixes, produtos hortifrutigranjeiros, mandioca e milho.

Em médio prazo a Associação Madre Terra quer implantar um projeto de agroturismo, oferecendo aos turistas, principalmente italianos sócios da Associação Ore Undici, hospedagem, pratos típicos da terra e lazer, na perspectiva de um turismo consciente e responsável. A intenção do projeto é de se auto-sustentar.

Para o presidente da Madre Terra, padre italiano Mario de Maio, “mais que a auto- sustentabilidade, o projeto quer oferecer ao adolescente um estilo de vida que permita realizar a recuperação humana e social”.

A Associação Ore Undici é uma associação cultural ligada à Igreja Católica, com sede em Roma, Itália e oferece aos seus sócios, segundo Mario de Maio “o aprofundamento de temas relacionados com a espiritualidade”. A associação também desenvolve e apóia outros projetos sociais em Foz do Iguaçu, como é o caso da Fundação Nosso Lar, que abriga crianças e adolescentes em casas-lares.

Educador explica o funcionamento do sistema

O sistema de irrigação é totalmente computadorizado

12 km de tubulação leva a água ao pomar e à horta

O doador do sistema, Joseppe Luigi Marini, e o Presidente da Associação Madre Terra, Mario de Maio

Projeto Madre Terra: levar o jovem de volta ao campo

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quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Pontinhos de Cultura

O Ministério da Cultura (MinC) acaba de lançar o edital e o prêmio Ludicidade/Pontinhos de Cultura para premiarentidades sem fins lucrativos, além de instituições governamentais estaduais, distritais e municipais que desenvolvam atividades socioculturais e educacionais destinadas ao público infanto-juvenil.

Ao todo serão concedidos 200 prêmios, cada um no valor de R$ 18 mil, por meio desta iniciativa integra as ações do Programa Mais Cultura, promovido pelo Governo Federal.
Também receberão prêmio projetos desenvolvidos em parceria com escolas, universidades públicas e outras instituições, que tenham objetivo de promover uma política nacional de transmissão e preservação da cultura de crianças e adolescentes, especialmente, no que se refere ao direitos consagrados no capítulo II do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).

Guatá

Leia +

Leia o edital, no formato pdf

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terça-feira, 14 de outubro de 2008

Teatro de bonecos

De hoje até o dia 20 companhias vindas da Argentina, Brasil, Colômbia, Chile e Uruguai trazem ao público das três fronteiras suas principais produções durante o V Encuentro Internacional de Títeres e Titiriteros, conhecido como Tatá Vera 2008, realizado em Puerto Iguazú e com subsedes em Foz e Ciudad del Este.

Confira as peças em cartaz em Puerto Iguazu esta semana:
Dia 16 - Quinta-feira
18h - La Pelela Títeres de San Martin de los Andes (argenritna) apesenta espetáculo "Juntos pero no revoltos", onde a participação dascrianças é que define o final da história.

Dia 17 – sexta-feira
18 h - La Pelela Títeres apresenta espetáculo adulto, "El Qui-Jote de La Mancha", uma adaptação do romance de Miguel de Cervantes.
21h - Grupo Titirimimoteatro de Bogotá, Colômbia apresenta "Sancocho de cola"! para adultos

Dia 18 – Sábado
18h – Cia Riso Ambulante (Brasil)
21horas - Títeres de La Paloma, de Bariloche, Argentina, apresenta espetáculo "Taquitan...(invasion a tierra de índios)", mostra a conquista do território americano e propõe uma reflexão através dos bonecos e do grotesco.

Dia 19 – domingo
18h – Maleluna y Cias Titiritescas, do Uruguais apresentam o espetáculo "La Casa de amistad"
21h – La Pelela Títeres apresenta espetáculo especial para adultos; "Títeres solo para adultos".
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segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Cartel do Rap


Poesias, pensamentos, textos, contos e quadrinhos. Tudo isso no Fanzine do Cartel do Rap 41. Novidades do mês: fotos da festa de 8 anos do Cartel do rap e do show do Thiagão e os Kamikazes do Gueto; fotos do espetáculo de dança de rua no Teatro Plaza, que teve a renda revertida para a Fundação Nosso Lar.
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sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Projeto Tecendo História

Na estação da cultura

Rogério Silva é um dos colaboradores da Revista Escrita 5

Primavera de flores e de Revista Escrita. Embalada pela nova estação, a publicação da Associação Guatá reúne inteligência e sensibilidade em suas páginas

Palavra, olhos e a cultura em movimento através de mais uma publicação da Revista Escrita, editada pela Associação Guatá, Esta edição, a de número 05, que está encontrando seus leitores por meio de abrangente circulação, mantém o desafio editorial lançado desde os primeiros números, que é o de reunir a arte, os sentidos e a imaginação de autores que vivem de suas produções artísticas e de gente que apenas quer compartilhar aquilo que sente e pensa por meio de palavras e imagens.
Entre as preciosidades desta edição, está a exposição da fotografia do cineasta norte-americano Burton Holmes, nas Cataratas do Iguaçu, realizada em meados do ano de 1917, durante a sua expedição pela América do Sul. Esta raridade foi garimpada pelo faro fino de Claimar Granzotto, livreiro e produtor cultural de Foz do Iguaçu, dedicado a pesquisas que revelam um pouco mais da vida na fronteira.
No mais, a Revista Escrita estampa em suas páginas textos sensíveis e inteligentes que encontram imagens marcantes, mantendo o compromisso com seu arrojado e cuidadoso projeto gráfico.


Leitura para todos

Dos 2,5 mil exemplares da publicação, mil revistas são distribuídas gratuitamente entre estudantes da rede pública estadual de ensino, das instituições localizadas nas cidades do oeste paranaense, abrangidas pelo Núcleo Regional de Educação de Foz do Iguaçu. Ainda, escolas situadas na região da Grande Curitiba são beneficiadas com esta iniciativa, que é parte do Projeto Tirando de Letra, mantido pela Associação Guatá. Este programa, que visa a democratizar a leitura e a incentivar a produção literária entre os estudantes, tem o patrocínio da Itaipu Binacional e conta com o apoio institucional do Núcleo Regional de Educação.
Nesta edição, Escrita contou com a produção dos seguintes colaboradores:
PALAVRAS - Alexandre Palmar, Almandrade, Beth Vilasboas, Carlos Luz, Carol Miskalo, Fábia Tonin, Fernanda Laborde, Maria Izabel Leão, Mônica Venson, Silvio Campana, Vanessa Silva, Zé Beto Maciel e Wermerson Augusto.
OLHOS – Áurea Cunha, Burton Holmes, Cezar Koyama, Claimar Granzotto, Fernando Brás, João Albuquerque, Lalan, Maria Angélica Chiang, Maria Isabel Molina, Mirian Takahashi, Natália, Rogério Silva, Sabrina Bomdia, Scheila Thonsen, Silvio Campana e Walpi.



Déjà vu na fronteira

* Alexandre Palmar

Mesmo uma cidade de porte médio como Foz do Iguaçu reserva, para pelo menos um dos seus moradores, a impressão de o mundo ser bem menor do que ele aparenta ser. Às vezes, esta sensação desperta quando a província concede ao nativo um curioso apreço por outros nativos, semelhantes apenas pelo fato de habitarem a mesma comarca, mas completamente anônimos entre si.
É uma espécie de ligação entre seres que nada têm a ver em seus distintos cotidianos. É algo estranho, que poderia ser de fácil explicação se essa percepção aflorasse em pessoas com perfis ou hábitos semelhantes. Quem sabe moradores de um mesmo bairro, usuários de uma mesma linha de ônibus, de um mesmo banco, da padaria ou até de um elevador de condomínio.
O déjà vu (seria isso?) também poderia ser explicado por alguma religião, filosofia ou quem sabe por uma seita, cujos dogmas valorizam os antepassados, os espíritos, as almas gêmeas (e penadas), a reencarnação ou coisas afins. Mas não. Ele é misteriosamente comum, atingindo em cheio esse mortal sem perguntar sua raça, sexo ou clero.
É justamente a intromissão desse fenômeno que incomoda e tira noites de sono de uma mente cética. Seria fácil aceitá-la, caso o afeto recaísse sobre personagens “públicos” de Foz — como aquele cowboy sempre vestido com uma indumentária preta — ou sobre o garoto da faixa que insiste em avisar que Jesus está retornando.
Uma coisa é certa neste universo de incertezas. Bastava acatar ao impulso e dizer àquele desconhecido um simples “oi”. Mas é certo também que, ao tentar atender ao ímpeto, a mente vai refugar, porque ela tem a consciência da falta de um motivo palpável para a aproximação. Isso já ocorreu. E, quando aconteceu, restou ao homem a angústia de perder mais uma noite de sono tentando saber se outro iguaçuense teria vontade de compartilhar essa descrença.

*Alexandre Palmar é jornalista e membro do Megafone. Texto publicado na revista Escrita 1, da Guatá.


Outros textos em www.megafone.inf.br

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quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Jornalismo e Direitos Humanos

Foram anunciados os cinco vencedores do Troféu Especial de Imprensa ONU: 60 Anos da Declaração/Prêmios Vladimir Herzog, uma iniciativa do Centro de Informação das Nações Unidas para o Brasil (UNIC Rio) e da Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República (SEDH). Os ganhadores foram Caco Barcellos, Henfil, José Hamilton Ribeiro, Ricardo Kotscho e Zuenir Ventura. Segundo o júri - composto pelos mais de 500 jornalistas que receberam o Prêmio Vladimir Herzog de Anistia e Direitos Humanos desde sua criação, em 1979 - estes cinco jornalistas foram os que mais se destacaram, ao longo das últimas três décadas, na defesa dos direitos humanos na mídia brasileira.

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United Nations Information Center

Semana pela Democratização da Comunicação

Entre os dias 11 e 19 de outubro acontece em São Paulo a Semana pela Democratização da Comunicação, organizado pela Assembléia Popular, Campanha pela Ética na TV, pela Coordenação dos Movimentos Sociais e pela Rede Paulista pela Democratização da Comunicação e Cultura.

As atividades em São Paulo defendem a realização da Conferência Nacional de Comunicação, debatem concessões de Rádio e TV e denunciam a criminalização dos movimentos sociais.

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Aprender sem medo

A cada dia, aproximadamente 1 milhão de crianças sofrem algum tipo de violência nas escolas em todo o mundo. E nenhum país está imune. Esses são alguns dos resultados de uma pesquisa conduzida pela Plan, uma das maiores e mais antigas organizações não-governamentais de desenvolvimento. O relatório é parte da campanha “Aprender Sem Medo”, lançada em diversos países com o objetivo de promover um esforço global para acabar com a violência nas escolas. 

Além da quantidade alarmante de vítimas, a pesquisa indica que a violência não afeta apenas a personalidade, a saúde física e mental e o futuro potencial da criança, mas traz também danos irreparáveis para a família, a comunidade e a economia nacional.

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Plan International

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

Projeto Tecendo Histórias

Projeto pretende implantar bibliotecas em casas-lares e instituições da cidade

A Fundação Nosso Lar está lançando neste mês de outubro a campanha “Tecendo Histórias” de doação de livros, com o slogan “Faça parte desta história... Doe um livro infantil no mês das crianças”. A iniciativa visa montar 15 bibliotecas com aproximadamente 200 livros nas seis casas-lares administradas pela entidade e outras instituições que atendem crianças, adolescentes e jovens em situação de vulnerabilidade em Foz do Iguaçu.

A campanha é um desdobramento de uma oficina de capacitação, ministrada no começo do mês passado por técnicas do Instituto Fazendo História de São Paulo, para profissionais que atuam em instituições que cuidam de crianças e adolescentes em Foz do Iguaçu.

A diretora da Fundação Nosso Lar, Ivania Ferronatto, explica que "nesta capacitação os profissionais aprenderam novas perspectivas de intervenção junto à crianças e adolescentes institucionalizados ou em situação de risco e, com essa nova ferramenta retornaram para as suas instituições e iniciaram um trabalho de construção através do contar histórias para despertar a  história de vida de cada um, resgatar pessoas, lugares, lembranças, fatos que permitam à criança, adolescente ou jovem entender quem é, onde está e onde quer ir”.

O projeto todo, segundo Ferronatto, envolve três etapas: “a primeiro etapa foi a capacitação, a segunda o desejo de realizar despertado nesta capacitação, e o terceiro são os livros de história que necessitam estar disponíveis e acessíveis nas casas-lares e nas instituições, por isso estamos lançando a campanha”.

 

Tecendo Histórias

A campanha consiste na aquisição, por pessoas físicas ou empresas, dos livros infanto-juvenis de uma lista de 186 títulos, previamente elaborada pelo Instituto Fazendo História. Esta lista esta à disposição nas livrarias da cidade e basta a pessoa ou empresa fazer o pedido e adquirir um ou mais títulos. Se o doador preferir pode entregar pessoalmente os livros na sede da Fundação Nosso Lar, ou deixar isto a cargo da livraria, sendo que cada doador receberá um comprovovante de doação na forma de um certificado.

A lista é composta por autores nacionais e estrangeiros, editados por 34 editoras de todo o Brasil. A meta da campanha é arrecadar três mil livros, para serem montadas 15 bibliotecas com 200 livros cada uma. “A meta é alta”, diz Ferronatto, “mas estaremos divulgando a campanha em escolas particulares, clubes de serviço, empresas e a população de um modo geral e esperamos contar com a colaboração de todos”.

A campanha prossegue até o dia 31 de outubro e as pessoas que quiserem outras informações poderão ligar para a Fundação Nosso Lar, no telefone 3025 2440.

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terça-feira, 7 de outubro de 2008

Revista Escrita 5

Capa da Revista Escrita número 5

Já está circulando a quinta edição da Revista Escrita. Confira a apresentação da revista, editada pelo jornalista e amigo Silvio Campana:

Um primeiro toque
Chegamos à revista 5 com o cheiro de nova estação. E a Escrita a cada novo número conta com colaboradores inéditos. Mais uma vez, a produção de escritores, fotógrafos e artistas visuais que fazem da arte sua opção profissional, mesclou-se àquela realizada por pessoas de outras áreas do conhecimento. De gavetas aparentemente insólitas, também saíram criações belíssimas e que hibernavam, talvez, esperando só a primavera para desabrochar.
Nós, da Associação Guatá, sentimos alegria em reunir nessas colaborações uma espécie de depoimento sobre a sensatez em se amplificar as várias possibilidades da comunicação humana. Fazemos isso movidos pelo entendimento de que o sensível toque da arte e da cultura é capaz de celebrar a vida, de refletir e de reconstruir - quando necessário - o espaço comum que dividimos com o próximo.

Silvio Campana
Editor
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Festival de Teatro Infantil

(foto: divulgação)

Até o dia 29 de outubro acontece o II Festival de Teatro Infantil de Curitiba. Serão 33 apresentações de peças infantis, musicais e teatro de bonecos, sempre aos sábados e domingos, nos teatros Fernanda Montenegro, Paulo Autran e João Luiz Fiani.
O festival reúne oito grupos teatrais dos Estados do Paraná, São Paulo e Rio de Janeiro. Quem for ao festival terá a oportunidade de assistir, por exemplo, aos clássicos Cigarra e a Formiga e Os Três Porquinhos, além de espetáculos inéditos como musical High Escola Musical.
Confira a programação completa do festival.
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Mostra Cinema e Direitos Humanos

Entre de 6 de outubro e 6 de novembro, a 3ª Mostra Cinema e Direitos Humanos na América do Sul leva a 12 capitais brasileiras a produção de cineastas latino-americanos sobre temas, valores e dilemas que dizem respeito aos diversos direitos que não raro são negados a população mundial e em especial a latino-americana. A mostra, inteiramente gratuita, acontece no ano em que a Declaração Universal dos Direitos Humanos completará 60 anos e se dispõe a refletir as formas como organizadamente pode-se construir um mundo mais justo, igual e solidário.

Leia matéria completa por Brunna Rosa
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segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Tráfico ameaça a juventude em Foz do Iguaçu

(Foto: Cristian Rizzi / Gazeta do Povo)
O Jornal Gazeta do Povo, na edição de ontem (5), traz uma ótima reportagem no caderno Vida e Cidadania, na página 02, sobre a situação dos adolescentes envolvidos com o tráfico de drogas em Foz do Iguaçu. A reportagem “Tráfico ameaça a juventude em Foz do Iguaçu” é assinada pela jornalista e amiga Denise Paro, que também mostra o caso do menino Igor Joaquim de Matos, de 12 anos, morto e decapitado na semana passada na cidade.
Eu recomendo a leitura!
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A Lei do Amor

A amiga Sylvania kazmierski, do Instituto Elos, enviou-me o texto que reproduzo a seguir, onde Rodrigo Otavio Gurgel Valente comenta o texto de Edinalva Severo, sobre a morte do menino Igor.
Prezada Sylvania,
Segue uma reflexão sobre o texto de adeus ao menino Ygor da Sra. Edinalva, conforme conversamos. Agradeço a sua dedicação e dos demais integrantes da Rede de Proteção Integral à Criança e ao Adolescente.
Forte abraço.

"Educar para a vida é considerar, como um de seus fins primordiais, o aperfeiçoamento de tudo quanto esteja compreendido na existência do ser humano."
Coletânia Rev. Logosofia


A Lei do Amor
Muito bom e oportuno este texto da Sra. Edinalva Severo, sobre a história do menino Ygor, neste momento em que a pesquisa do Ipea aponta que as atuais políticas públicas precisam ser revistas, uma vez que o trabalho infantil continua com índices alarmantes, merecendo toda a nossa atenção. Relevante o comentário e importante o depoimento, uma vez que nós seres humanos somos suscetíveis a nossa emoção e não raras vezes acabamos por condenar alguém, quando justamente gostaríamos de estar promovendo a sua melhora, enquanto cidadão digno. Através de um ato solidário, tentamos amenizar o nosso sentimento de culpa, proporcionando um alívio instantâneo. No caso em questão, a própria compra de um CD ou DVD pirata já é uma contravenção institucionalizada como se fosse normal. Um erro justifica o outro?
Tenho também procurado entender a nossa cultura que permite ou se omite diante dos direitos das crianças, levando a sociedade a conviver com escolas, babás, mães e pais que submetem seu mais importante legado aos diversos abusos que vemos no dia-a-dia, alguns descobertos e amplamente divulgados pela mídia.
Concordo com a opinião da especialista em políticas públicas Edinalva , de que nosso critério deveria se balizar pela forma como gostaríamos que nossos próprios filhos fossem tratados e encaminhados. Considero importante que a lei deva ser efetivamente o parâmetro para balizarmos nossa conduta frente as situações que se apresentam e é importante que elas existam para que possamos arbitrar nosso comportamento humano, muitas vezes nada humanitário.
Creio que a melhor forma de contribuirmos seja identificando caminhos para capitalizarmos as potencialidades de nossas comunidades. Elencarmos as metas da melhoria da renda, das oportunidades e condição de vida. Não é fácil apontar o trajeto. Não há solução pronta. Seja para nossos filhos, seja para aqueles pais em situação de vulnerabilidade.
Talvez o Estatuto e a Constituição do país devessem assegurar para todas as crianças e adolescentes o AMOR. O primeiro artigo seria: - Toda a criança tem direito a ser amada e compreendida. Esta deveria a meu ver ser a política pública, a lei e o fundamento para a busca de uma sociedade mais desenvolvida do ponto de vista humano e social. Agradeço mais uma vez a sua mensagem congratulando pela militância em prol dos direitos da criança e adolescente.

Rodrigo Otavio Gurgel Valente.
Consultor e Palestrante em Planejamento Estratégico de Comunicação Corporativa e Investigação Apreciativa para o Desenvolvimento Organizacional, Especialista em Gestão do Terceiro Setor e Responsabilidade Social, Articulador da Rede de Participação Política do Empresariado, Membro do Conselho Superior de Cidadania Empresarial do Paraná, Presidente da Fundação Honorina , instituição parceira da Rede de Proteção Integral à Criança e ao Adolescente da Tríplice Fronteira.
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domingo, 5 de outubro de 2008

sábado, 4 de outubro de 2008

Comentários sobre o caso Igor

Anônimo disse...
Não sou a favor da institucionalização da pena de morte, mas há casos em que própria vítima não quer ser ajudada. Antes de postar a matéria vc procurou a escola onde este jovem estudou? procurou o S.O.S criança para saber o que ja fizeram por este menino? procurou o Proejto F.I.C.A para saber também deles o que tentaram fazer junto à família, para que esta criança fosse recuperada? Pois então, este menino é sim uma vitima da sociedade, mas primeramente vitima da própria família, da mãe que faz programas na argentina e deixou o menino sob cuidado dos avós. Acho que antes de condenar uma opinião, da qual não compartilho plenamente, deve-se saber o histórico de vida deste jovem, que com 12 anos não coseguiu sair da 1ª série, creio que em 2008 ele nem tenha frequentado a escola. Basta entrar no site da prefeitura , clicar em secretarias, depois em educação, vai em pesquisar alunos e vc verá por onde estudou este menino, verá também que ele nunca concluiu uma série. Pois quando frequentava a escola por vezes ameaçava a professora ou outros funcionarios do estabelecimento. Acho que todo formador de opinião deve ter consciência do que escreve,procurar ir mais a fundo, e não ser apenas mais um "juntador de letras", não jogar a sociedade contra órgãos públicos ou fomentar de que era um desamparado.
Att.Fabio
2 de Outubro de 2008 12:55

Meu caro Fábio se o senhor se desse ao trabalho de ler mais atentamente o meu blog saberia que eu trabalho na Fundação Nosso lar, que cuida de crianças e adolescentes órfãos, abandonados ou sub júdice, portanto conheço o histórico do menino Igor que, inclusive, passou pela instituição, sua família era atendida Pelo Programa Família Saudável, mantido pela Fundação Nosso lar e em sua pasta consta todo o seu histórico, aliás, um histórico que só reforça a minha posição de que o menino Igor e todas as crianças e adolescentes que atendemos são vítimas deste sistema socioeconômico baseado na barbárie do egoísmo e individualismo.
Tenho consciência do que escrevo, não sou um “juntador de letras”, ao contrário do senhor, e reforço minha posição escrita anteriormente, tendo pleno conhecimento de causa.

silvio disse...
ao mesmo tempo concordo e discordo de vc carlos, sou a favor sim de revermos nosso conceito de humanidade, mas, tbm sou a favor de rever o ECA que deixa sim esses "marginaizinhos" (pra mim esse eh o pronome a ser utilizado pra esses merdinhas q chegam com uma pistola e te apontam na cara) livres de qualquer medida punitiva pelo q realizaram!!!! essa certaza da impunidade nutre ainda mais a criminalidade nessa faixa etaria no nosso municipio e no pais.
3 de Outubro de 2008 13:32

Caro Silvio, que bom pensar que devemos rever o nosso conceito de humanidade, então comece: nenhum ser humano pode ser visto como um “merdinha”, principalmente uma criança. Você tem filhos Silvio? Se tiver, reveja este teu conceito. Sugiro também ao senhor que leia mais atentamente o Estatuto da Criança e do Adolescente - ECA, pois ele prevê sim medidas sócio-educativas, a saber:

“Art. 112. Verificada a prática de ato infracional, a autoridade competente poderá aplicar ao adolescente as seguintes medidas:
I - advertência;
II - obrigação de reparar o dano;
III - prestação de serviços à comunidade;
IV - liberdade assistida;
V - inserção em regime de semi-liberdade;
VI - internação em estabelecimento educacional;
VII - qualquer uma das previstas no art. 101, I a VI.”

O Estatuto também explica detalhadamente como e quando cada medida é aplicada.

Cristina Braga disse:
Amei sua matéria também... Ainda bem que existem pessoas como vc.. que ainda não se calam... e não deixam passar batido das barbaridades da vida...bjs

Cara Cristina, conheço o teu trabalho, sei que é uma mulher guerreira e eu que me sinto orgulhoso de fazer parte do teu círculo de amizades.
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A força do voto

Na enquete promovida pelo blog a grande maioria dos eleitores ainda acredita que o voto pode mudar a realidade. Confira o resultado:

“Você acredita que o seu voto pode mudar a realidade social, política e econômica da cidade?”
Sim 77 (87%)
Não 7 (7%)
Nem me interessa 4 (4%)

Total de votos: 88
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sexta-feira, 3 de outubro de 2008

Inscrições para pais sociais

Instituição abre inscrições para casais e pessoas que queiram exercer a função de pais sociais

 

A Fundação Nosso está com inscrições abertas para casais ou pessoas que queiram ser pais sociais em uma das casas-lares mantidas pela instituição. Atualmente a entidade, através de um convênio com a Prefeitura Municipal e o apoio da ONG Oriundici da Itália, mantém seis casas-lares, abrigando cerca de sessenta crianças e adolescentes órfãos, abandonados ou sub júdice, entre 0 e 18 anos.

A função de mãe social mãe social é regulamentada pela Lei n.­° 7644 de 1987, com assinatura em carteira de trabalho e folga semanal de 24 horas.

A diretora da Fundação Nosso Lar, Ivania Ferronatto, diz que “as crianças e adolescentes atendidos pela entidade estão passando por dificuldades e, por isso mesmo, alguns têm problemas de relacionamento e são difíceis para se tarar, assim, as pessoass e os casais que pretendem se candidatar precisam estar cientes dessas dificuldades”.

A função dos pais ou mãe social é proporcionar o convívio familiar às crianças e adolescentes, acompanhar as suas atividades diárias como escola, cuidados pessoais, alimentação, horários, atividades de contra turno, cursos, trabalho, médico, vacinas, lazer, além de administrar o lar, realizando e organizando as tarefas.

Os casais ou pais sociais também precisam ter ciência de que a condição de abrigamento de crianças e adolescentes é temporário, havendo a possibilidade do retorno à família biológica, família substituta ou adoção.


Condições

Segundo a própria lei que regulamenta a profissão de mãe social, os interessados deverão ter idade mínima de 25 anos, boa sanidade física e mental, curso de primeiro grau, ou equivalente, boa conduta social e ser aprovado em teste psicológico específico, que será feito pela própria instituição.

A Fundação Nosso Lar também traçou o perfil dos interessados, que deverão ter segurança em suas decisões, não sendo permissível, nem impedindo tudo, não podendo praticar métodos punitivos, como violência ou chantagem. Os desejos das crianças e adolescentes devem ser respeitados e contemplados, mas sem exageros, sabendo diferenciar autoridade de autoritarismo.

 

Inscrições

Os interessados deverão levar o currículo pessoal na sede da Fundação Nosso Lar, na Rua Ernesto Keller 388, Jardim Eliza, até o dia 31 de outubro. Após esta data a instituição marcará entrevistas e oferecerá um curso de capacitação para a função. Outras informações podem ser obtidas pelo telefone 3025 2440.

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quinta-feira, 2 de outubro de 2008

Carta

ADEUS IGOR
A criança é encantadora por natureza e por isso fica tão difícil resistir quando um menino, aparentando 10 a 12 anos se aproxima de uma mesa e oferece CDs e DVDs.
Fica mais difícil ainda quando alguém comovido lhe oferece algo para comer e ele gentilmente recusa e, com a graça natural da sua idade, e a esperteza e malandragem aprendida na rua. responde que não pode aceitar porque está trabalhando e complementa que as pessoas não podem comer enquanto trabalham. Aí as pessoas se derretem.
Para completar ele usa todo seu "conhecimento profissional" e diz: " Quando estamos trabalhando não sentamos nas mesas dos clientes, temos regras de atendimento".
Neste momento todos que estão na mesa hipnotizados com o doce encanto de um anjo se comovem o buscam avidamente um Cd ou DVD da pilha que está sobre a mesa para comprar e "ajudar" esta criança tão esperta, tão inteligente, que já trabalha para ajudar a mãe que é separada ou o pai que está desempregado...

QUE AJUDA É ESSA?!?!
Que rouba o sono, que deturpa a infância, que torna esta pessoinha em fase peculiar de desenvolvimento vulnerável a todo tipo de assédio.
Será que quem compra produtos de uma criança deixaria seu filho trabalhar até altas horas da noite, sozinho, nas ruas boêmias de nossa cidade? Ou será que só nossos filhos merecem o nosso empenho para que eles tenham seus direitos humanos e fundamentais garantidos na Constituição Federal, no Estatuto da Criança e do Adolescente efetivados? Será que só nossos filhos têm o direito de ir para a escola descansado e conseguir aprender? De brincar? Direito a um desenvolvimento saudável em todos os aspectos? DIREITO AO TRATAMENTO DE SAÚDE ADEQUADO?
Sei que é comovente ver alguém tão jovem já empenhando-se em sustentar a família. Mas será que seríamos tão solidários se fosse a mãe dele que nos oferecesse a mesma mercadoria?
Podemos e devemos ser solidários, mas com responsabilidade. Não é da criança a responsabilidade do sustento familiar. E sim do adulto. Se não nos rendêssemos aos encantos infantis talvez muitas crianças não se tornariam vitimas fáceis de aliciadores.Seriam poupadas e protegidas das formas mais cruéis de exploração do trabalho infantil, como a exploração sexual e a tráfico de drogas. Pois muita gente não sabe que muitas meninas e meninos explorados sexualmente começaram vendendo balas, CDs, DVDs e outras "coisinhas" que achamos tão normal.
Ygor Joaquim de Matos também começou assim, vendendo CDs nas ruas de
nossa cidade. E muita gente pensou que estava ajudando-o quando comprava tais mercadorias. Depois o menino tomou gosto pelas ruas, abandonou a escola, não queria mais voltar para casa...
Na rua conheceu muitos "amigos", experimentou drogas e a dependência química tomou conta de sua frágil vida.
Foram feitas vária tentativas de interná-lo em clínicas especializadas, mas estas, além de distantes, não aceitam crianças e só recebem adolescentes se estes demonstrarem que aceitam e querem o tratamento – é complicado para um menino entender e aderir voluntariamente.
Precisamos repensar nossos valores e ações e desejar aos filhos dos outros o mesmo que almejamos aos nossos.
Só assim não teremos mais Ricardinhos, Wesleis, Ygors, e tantos outros que de forma brutal e cruel o direito a vida foi tirado.

É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do Poder Público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária. (Art. 227, caput, da CRFB/88 e Art. 4° do ECA)
Nenhuma criança ou adolescente será objeto de qualquer forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão, punido na forma da lei qualquer atentado, por ação ou omissão, aos seus direitos fundamentais. (Art. 5° do ECA).

Edinalva Severo.
Especialista em Políticas Publicas de Atendimento à Criança e ao Adolescente.
Membro do Grupo de Trabalho Nacional Pró Convivência Familiar e Comunitária.
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Vida Maria

Uma ferramenta diferencial em nosso processo de crescimento cultural e social brasileiro
Um curta de pouco mais de oito minutos, Vida Maria brilhou na terceira noite do Cine PE. A animação, produzida quase que inteiramente por Márcio Ramos, conta de forma concisa e com toques de humor a contradição entre os desejos pessoais e a realidade que se impõe a qualquer pessoa.
O tema central partiu da vida pessoal de Ramos, que, imerso em seu trabalho com televisão e vinhetas de publicidade, viu o sonho de realizar um curta sendo adiado pela realidade do dia-a-dia.
“A idéia de realizar um projeto pessoal que fosse mais duradouro surgiu em 2000, mas, sem tempo, tive de adiá-lo por alguns anos”, diz Ramos, que, além de dirigir, foi responsável por roteiro, fotografia, arte, som e montagem, contando apenas com a ajuda de Hérlon Ramos na composição da trilha sonora.
“A idéia central surgiu da minha própria experiência, da contradição entre um sonho (realização do curta) e a realidade (a rotina diária de trabalho) que se impõe todos os dias”. Longe de parecer um auto-retrato, Ramos tornou o material ainda mais rico ao apresentar um ciclo na vida de Maria José, que é obrigada a largar os estudos para ajudar nas tarefas diárias da família.
Assim como todas as Marias em sua infância, Maria José gosta mesmo é de 'desenhar palavras' em seu caderno. Repreendida pela mãe, Maria vai ao quintal executar as tarefas da casa. De forma brilhante, Ramos mostra a repetição deste ciclo passando ao menos por três gerações.
Assim, com toques de humor, o diretor cearense consegue falar em oito minutos mais sobre a triste situação sócio-econômica vivida por muitas gerações do que qualquer dissertação acadêmica.
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quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Comentários

Felizmente ainda existe gente de bom senso e algumas delas comentaram o artigo “Barbárie Consentida!”. Todos os comentários devidamente assinados.

Thays Petters:
E eu assino em baixo!

Anderson Frigo:
Carlos... Parabéns pelo seu raciocínio...
Usei no site da rádio ... Concordo plenamente com vc
Abraços !!

Rozimari Podanoschi:
Oi Carlos...
Entrei para responder seu recado de outro dia, porém li seu desabafo por conta de um crime ocorrido aí. Que barbaridade. Que horror saber que isso acontece, que nojo por saber que tem gente que ainda acha normal que alguém, principalmente uma criança mereça tal destino. Achar que alguém possa ser punido dessa maneira seja ele adulto ou criança, mas principalmente criança é admitir que esse mundo não tem jeito e que essa era deve terminar, como terminou a dos dinossauros para começar uma nova.
Estou aqui estarrecida, chocada.
beijo

Ana Carlina Boscolli:
Parabéns!!! Não se pode aceitar uma coisa dessa mesmo!!! Nunca!!!
Bj

Katya dos Santos :
Carlos, to contigo e não abro.
Parabéns pelo posicionamento. E acho que a gente precisa se posicionar sim e sempre contra esse tipo de coisa, e principalmente esse tipo de imprensa que se esconde atrás do anonimato pra falar o que bem quer de qualquer um. E denegrir a imagem de um monte de gente, e desrespeitar o sofrimento de várias famílias num momento tão difícil.
Até porque esse tipo de imprensa e de afirmações também formam opinião, também criam juízos, principalmente nos mais desatentos quanto ao teor completo da informação e menos críticos ao que lêem.
Nada contra o jornal, mais nós, sociedade, temos que parar de condenar as pessoas antes de darmos a elas a oportunidade de ter vida, de viver, ou até de se defender de nossas acusações, muitas vezes infundadas. Em muitas dessas vezes, nós sociedade fazemos parte desse desfecho, mais nada fazemos para ajudar uma mudança, senão julgar o final.
PARABÉNS PELO POSICIONAMENTO, POR QUE NÓS TEMOS QUE APRENDER A PENSAR ESSES "DESAFOROS", E PRINCIPALMENTE COMO JORNALISTAS ABOMINAR ESSE TIPO DE "INFORMAÇÃO" E “INFORMANTE". (me refiro à coluna em específico, que há muitos anos nem leio, me poupo disso).
Que Deus o abençoe muito.
Beijos e até mais.

O artigo também foi publicado no Portal Megafone , Portal Guatá e no Portal Rádio Eba
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Um poema


Há uma criança na rua
Armando Tejada Gómez (poeta argentino)

A esta hora, exatamente, há uma criança na rua.
É dever do homem proteger o que cresce,
Cuidar para que não tenha uma infância dispersa pelas ruas,
Evitar que naufrague seu coração de barco,
Sua enorme vontade de pão e chocolate,
Caminhar por seus países de bandidos e tesouros
Pondo-lhe a esperança no lugar da fome.

De outro modo é inútil ensaiar na terra a alegria e o canto,
De outro modo é absurdo porque de nada vale se há uma criança na rua.
Importam duas maneiras de conceber o mundo:
Uma, ser alguém como as outras pessoas ou
Arrancar cegamente dos demais a bolsa.

E a outra, um destino de salvar-se com todos,
Comprometer a vida até o último náufrago.
Como se pode dormir de noite se há uma criança na rua?
Exatamente agora, se chove nas cidades,
Se desce o nevoeiro gelado no ar
E o vento não é nenhuma canção nas janelas,
Não deve andar o mundo com o amor descalço
Levando um diário como uma asa na mão.

Trepando nos trens, provocando-nos o riso,
Golpeando-nos como um anjo de asa cansada,
Não deve andar a vida, recém nascida, já lutando,
A meninice arriscada a um pequeno ganho,
Porque então as mãos são dois fardos inúteis
E o coração, apenas uma má palavra.

Eles esqueceram que há uma criança na rua,
Que há milhões de crianças que vivem na rua
E uma multidão de crianças que cresce nas ruas.
A esta hora, exatamente, há uma criança crescendo.
Eu a vejo apertando seu coração pequeno,

Olhando para todos com seus olhos de fantasia,
Percorrem e olham para o homem rico,
Um relâmpago forte cruza seu olhar,
Porque ninguém protege essa vida que cresce
E o amor se perdeu como uma criança na rua.

(do vinil Raíces de América)

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