sábado, 20 de outubro de 2007

Internetiquês: ou vc tc, ou naum : )


Simplificações e sinais invadem a linguagem escrita usada na internet

“Td blz com vc? espero q sim.... pq naum rspd minha msg? ta td blz? tb naum tc + cmg : ( !!!!!!! bom, nd de 9dades... e c vc? rspd qdo puder, flw? t+... bjs : )”.
Não, esta não é uma mensagem cifrada. É apenas a maneira com que crianças, adolescentes e até mesmo adultos estão utilizando para se comunicar através dos meios eletrônicos. O principal argumento para se usar as simplificações e smileys é o tempo, a velocidade com que as mensagens precisam ser recebidas e respondidas. No entanto esta linguagem está expandida para e-mails, comentários em blogs e em sites de relacionamento, quando, nem sempre, o tempo é o real e, portanto, não exigiria tanta velocidade. Enquanto esta “nova linguagem” fica restrita aos meios eletrônicos pode ser considerada específica dessa maneira de comunicação, mas e quando ela ultrapassa estes limites e entra na vida diária das pessoas, e as abreciações e sinais passam a ser usados indiscriminadamente?
Quando o Brasil começa a se preparar para uma reforma ortográfica, que deverá ser iniciada em 2008 e atingirá os oito países que usam a língua portuguesa, com uma população estimada hoje em 230 milhões de pessoas, o uso indiscriminado do internetiquês pode empobrecer a linguagem escrita?
A pedagoga e pós-graduanda em psicopedagogia Magalis Bésser Dorneles Schneider (magalisschneider@bol.com.br), diz que a correspondência eletrônica “introduz uma negligência formal, ortográfica e gramatical, muito perigosa para as línguas”. Por outro lado o mundo do bate-papo pela internet coloca na criança e no adolescente as “relações interpessoais, onde eles têm que lidar com uma grande quantidade de informações interagindo, colaborando e cooperando entre si, além de gerenciar as conversas paralelas e as perguntas simultâneas”. Tudo isso, ainda segundo a pedagoga, “num ambiente onde não existe cor, raça, credo ou classe social, as relações vão amadurecendo através da observação de que existem diferentes pontos de vista, trabalhando assim seu senso crítico”.
O principal para Magali é que a “a escola não fique alienada a tudo isso, é preciso buscar meios para aprender a trabalhar com o computador e todo o seu contexto dentro da sala de aula, inclusive com a nova linguagem, as informações e a escrita.

hauahauauauha...
O internetiquês não possui nenhuma regularidade, cada pessoa pode fazer as abreviações, simplificações e substituições de caracteres de modo livre, além do uso de imagens, desde que mantenha o sentido da palavra ou expressão original pela sonoridade, grafia ou simbolismo, para, pelo menos, se fazer entender.
Um exemplo claro do internetiquês são os comentários dos milhares de fotologs espalhados pela rede. Os fotologs são blogs onde são postadas imagens, geralmente fotos pessoais. Em um deles pode se ler o comentário: “Hey gnt..td bom?!?!? UAHAuAUahuUHauaHUA! to postando pra bestaa...Ela ta ocupada aki e pediu preu posta, inTaum to aki!! hihihih...Pois eh, nem sempre si tem dias iguais ao dia q foi hj... mas nós passamos por cima di td isso...pq a união faz a força!kkkkkk.. =) Aiaiaiai...num vo escrever mto naum... to xeia d sono!... vo mimir... aki na ksa da malaaaaa... hauahauauauha... Eh isso... Bjo pra tds!...”.
Mesmo que a tradução, neste caso, não seja necessário, o texto ilustra muito bem a linguagem da internet, próxima, mas muito diferente do português, aproximando-se quase de um dialeto da língua.

Acompanhamento
Não se pode fugir da constatação de que as diferentes formas de conversação rápida pela Internet é um estilo contemporâneo de linguagem, mas faz existem situações distintas: das pessoas que já têm seu conhecimento do código escrito da língua consolidado e das crianças e jovens que se encontram no processo de apropriação da língua escrita, aí a possibilidade de interferência é muito maior.
A técnica administrativa no Centro Estadual de Educação Básica de Jovens e Adultos – CEEBJA, de Londrina, Luciana Fernandes, tem dois filhos e se preocupa com o hábito da simplificação das palavras escritas que as crianças podem adquirir. Em entrevista on-line, Luciana disse: “O problema é que as crianças também usam este tipo de linguagem e isso pode se tornar um hábito, pois acabam usando essa forma de escrita, abreviado e sem acentuação e pontuação, no dia-a-dia, principalmente na escola”.
Com os filhos ela diz manter o acompanhamento e pensa ser este o único meio de evitar os excessos: “na verdade o uso do msn ajuda em alguns momentos, pois as crianças perguntam como se escreve esta ou aquela palavra, já que não querem escrever errado para o amigo que estão conversando, mas os pais devem tentar acompanhar as crianças em suas conversas virtuais, apesar de que nem sempre isso seja possível, e os professores sim, precisam cobrar a escrita correta de seus alunos, ou terão problemas sérios se partirem para o uso indiscriminado dessa linguagem”.
Pelo jeito um velho ditado popular continua atual para ser usado no tratamento da linguagem virtual: “se não pode vencê-lo, junte-se a ele”. Se as abreviações e simplificações são inevitáveis, então que sejam usadas da maneira e no local indicado: na rede virtual.

2 comentários:

Educ@r disse...

Carlos, concordo comtudo o que você disse e como professor tenho me preocupado com esta intenetiquês. No entanto, há um engano quando se diz que "não há nenhuma regularidade", nas abreviações. Existem pelo menos tres "dialetos" com regras próprias e até um site com tradudor simultâneo para estas linguagens. Veja no meu blog: edinhoposcidonio.blogspot.com
Abraços.

Educ@r disse...

ERRATA: Veja você, às vezes é necessário abreviar pela nossa correria. Leia "com tudo" onde escrevi "comtudo" e "Internetiquês" onde está "intenetiquês"