Teatro, hip hop e um debate darão o tom a um ato contra a onda de violência em Foz do Iguaçu que será realizado amanhã (7). Promovido pelo Centro de Direitos Humanos e Memória Popular (CDHMP), o evento começará às 19h30 no Colégio Estadual Carmelita de Souza, no bairro Porto Belo.
O manifesto será em memória a quatro jovens executados a tiros, em casa, na Rua Angela Aparecida Andrade, no Porto Belo, por um bando encapuzado, em 5 de outubro de 2006. À época, parentes e amigos das vítimas chegaram a protestar em frente à 6ª Subdivisão Policial, exigindo a elucidação da chacina, mas hoje parecem ter poucas esperanças.
Quatro anos após o crime que abalou a cidade, o inquérito policial pouco avançou para descobrir os autores da barbárie que matou Marcelo Farias Silva, 18 anos; Maurício Farias Silva, 24; Jéferson Aparecido dos Santos, 17; e Ilson Gonçalves Araújo, 20. A papelada vai e volta da delegacia ao fórum sem apresentar novos elementos na investigação.
A sensação de impunidade cresce entre as famílias dos jovens. Para a dona de casa Almerinda Gonçalves de Araújo, 52, mãe de Ilson, as pessoas são o que têm no bolso. “Se temos R$ 100, valemos R$ 100; se temos R$ 10, valemos R$ 10. Se não temos nada, não valemos nada. Por isso ninguém toma providências”, desabafou.
Almerinda contou que foi buscar informações sobre a investigação várias vezes no fórum e na delegacia, mas nunca obteve dados concretos. A doméstica revelou à reportagem que espera um dia encontrar o assassino do filho, “não para se vingar”, mas para dizer-lhe o quanto “é doloroso enterrar um filho”.
Já o empresário Paulo Aparecido dos Santos, 44, pai de Jéferson, lamentou a forma como a chacina foi noticiada na época. “O que me dói no coração é saber que meu filho morreu inocente e foi enterrado como bandido”, relatou o assistente técnico em equipamentos industriais ao Megafone.
A dor pela perda irreparável é compartilhada por outra mãe. Sob anonimato, por medo de represálias, a senhora disse não acreditar no esclarecimento da chacina. “No começo protestamos muito. Hoje desisti. Não acredito nos homens, só na justiça divina. Prefiro ficar quieta e cuidar dos filhos ainda vivos.”
Manifesto
A programação do ato no Colégio Estadual Carmelita de Souza começará com a encenação de A última flor, de James Thurber, com texto de Millôr Fernandes. A apresentação será feita por alunos da Casa do Teatro.
Depois haverá uma mesa de debate sobre infância, juventude e violência, mediada por assistentes sociais e jornalistas. Um show de hip hop completará o manifesto. Além de alunos e professores, participarão do ato famílias das vítimas da violência no município.
A reportagem tentou consultar o processo no Fórum de Justiça, porém foi informada pela 4ª Vara Criminal que a papelada está na 6ª SDP. De fato, o site do Tribunal de Justiça do Paraná revela que o inquérito está desde 25 de fevereiro na delegacia. Ontem, o delegado de Homicídios, Marcos Araguari Abreu, afirmou que informará o andamento do caso à reportagem até quinta-feira.
Ato contra violência
Dia 7 de outubro no Colégio Estadual Carmelita de Souza, no bairro Porto Belo, 19h30.
Mais informações: Danilo Jorge
(45) 3028-5073 e 8401-3566