O jornal A Gazeta do Iguaçu de hoje traz uma matéria sobre o livro-reportagem da amiga Eloiza Dal Pozzo. O livro S/N - Uma Nova História. O livro conta a vida da adolescente Sandra Nascimento, que passou quase toda a sua vida abrigada na Fundação Nosso Lar. Eloiza fez apenas alguns exemplares, pois este trabalho foi o seu Trabalho de Conclusão de Curso e agora espera buscar recursos para uma edição maior. O livro está ótimo, muito bem escrito, e quando estiver editado eu recomendo a leitura. Confira a reportagem:
Novidades
O poder da transformação através da escrita
Estudante de comunicação desenvolve trabalho sobre jornalismo literário e cria um livro-reportagem
Da Redação / Reportagem - Rodrigo Chibiaqui / Fotografias
Escrever uma biografia já é um grande desafio para qualquer escritor experiente, isso porque retransmitir com veracidade os fatos e superar as expectativas da fonte exige uma série de cuidados e tratamentos especiais. Para a acadêmica de jornalismo Eloiza Dal Pozzo, mais do que uma grande experiência, escrever sobre uma história de vida é trabalho e compromisso de um comunicador social. Em busca de cumprir este papel da melhor maneira possível, Eloiza optou em realizar seu trabalho de conclusão de curso com foco no jornalismo literário, tendo como produto midiático um livro-reportagem.
O trabalho desenvolvido desde o começo do ano deu origem à obra "S/N – Uma nova história", apresentada na última quinta-feira, 20, à banca final da Faculdade UDC (União Dinâmica de Faculdades Cataratas).
Como explicou a acadêmica, ‘S/N’ é o nome da personagem: Sandra do Nascimento, mas também pode significar "sem número, sem nome, sem nada", como em partes foi a vida da jovem. A história da adolescente - hoje com 18 anos - foi totalmente reproduzida no livro que apresenta documentos, fotos, trechos do diário de Sandra, e um enredo totalmente encantador. Questionada sobre a escolha do tema, Eloiza afirmou ter encontrado o assunto por acaso.
"Quando eu já havia definido que iria escrever um livro-reportagem como produto do meu trabalho de conclusão de curso, pensei: agora preciso escolher um tema! Então falei na sala de aula: ‘Pessoal, olha só, vou escrever um livro! Preciso de uma boa história pra contar!’ Foi aí que o meu colega e amigo Carlos Luz, me falou que havia uma menina na Fundação Nosso Lar que eu ficaria encantada de conhecer, porque ela era um exemplo a ser seguido. Uma menina que sofreu muito, que foi abandonada, que tinha tudo para ser revoltada, mas, ao contrário das previsões, ela se transformou em uma pessoa esforçada, batalhadora, madura e além de tudo bem humorada, sorridente". Para a estudante, o que mais chamou a atenção durante as entrevistas para criação do livro foi a força de vontade da adolescente e a constante busca pela felicidade. "Apesar de todo o sofrimento, ela decidiu que teria uma vida bacana". Através da história de Sandra, a acadêmica conheceu a realidade sobre adoção e abrigamento, e o grande descaso da sociedade com o assunto. "Meu maior objetivo é a conscientização das pessoas quanto aos temas adoção e abandono. Na verdade através da Sandra eu conheci a realidade. A Sandra me estimulou a pesquisar e a conhecer mais sobre isso. Depois eu comecei a prestar mais atenção em um grande problema aqui da fronteira, a exploração sexual infantil, que está intimamente relacionada a essas crianças e jovens abandonadas", ressaltou.
Livro
Segundo Eloiza, que garantiu a nota 10 em sua de defesa, o desejo maior com o lançamento do livro é chamar a atenção da comunidade para um problema que está intimamente ligado a todos. "Meu público-alvo específico são todas as pessoas que ainda não tem senso crítico e que não tem idéia de quais são os problemas sociais gerados a partir de um abandono. O tempo todo em que eu escrevi esse livro, cada palavra foi pra tentar conquistar o leitor a prestar mais atenção no tema e nas crianças e adolescentes nessa situação de abandono. E o "puxão de orelha" não é só para os pais e mães que abandonam os filhos. É pra mim, pra você, pra quem vê tantas pessoas na rua e deixam passar em branco, e esquecem que essa criançada existe. Porque nós temos um mundo muito mais bonito. Então passar por elas na rua e não fazer nada é complicado. Não estou pedindo pra que você leve essa criança pra casa.
Estou pedindo pra que você respeite ela. Elas estão aí e nós também somos responsáveis".
Sandra do Nascimento
Cada capítulo da obra apresenta características fascinantes ao leitor. O detalhe das cores, dos efeitos, da utilização de fotos em preto e branco, a ambigüidade dos subtítulos e todo o contexto em si fazem a constatação de uma vida, de uma história até então desconhecida. Segundo a autora, a intenção nunca foi desenvolver um livro com final feliz. "Não é esse o papel do jornalista", afirmou Eloiza. Para ela, sua maior preocupação era com a veracidade dos fatos e a satisfação da adolescente. "Minha preocupação era conseguir descrever a Sandra e tudo o que ela já passou e tudo o que hoje ela consegue ser, com palavras. É muito complicado. É uma tarefa em que me senti muito responsável", e completou; "Quando eu penso na Sandra eu vejo aqueles dois furinhos na bochecha dela quando ela sorri. Pra mim nesses dois furinhos estão toda a carga negativa e o sofrimento que ela conseguiu transformar em alegria. A Sandra é muito especial. Ela é uma pessoa boa. E por isso torço demais pra que ela continue num caminho bacana. Sandra é alegria, maturidade e garra", descreveu.
Futuro
O pontapé inicial já foi dado para Eloiza, que pretende continuar a carreira de escritora. "O livro me dá a liberdade de escrever tudo o que eu quero, e ainda posso utilizar os mais diversos recursos para envolver o leitor com o enredo do texto. É no livro que eu me realizo. É o livro que me permite escrever com ética, verdade e sentimento. É nele que eu quero ficar". Mesmo que muitas pessoas já estejam interessadas em garantir o livro, Eloiza ainda não tem previsão de lançamento da obra. "É tudo muito recente. Ainda não senti o feedback de muita gente, até porque só imprimi 10 cópias do livro, que estão todas emprestadas, mas algumas das reações já me deixaram feliz".
Sobre a experiência, Eloiza afirmou ter crescido profissionalmente e conseguido realizar um sonho. Fora essa questão pessoal, de receber tantos parabéns; o aspecto social da questão me fez refletir muito. "Pra mim o pior (ou melhor) momento foi conseguir sentir a tristeza da Sandra quando ela contava dos abandonos. Essa sim foi a grande experiência. Por isso falei que o puxão de orelha era pra mim também. Além de aprender coisas novas, amadureci muito conhecendo a Sandra", concluiu.
Novidades
O poder da transformação através da escrita
Estudante de comunicação desenvolve trabalho sobre jornalismo literário e cria um livro-reportagem
Da Redação / Reportagem - Rodrigo Chibiaqui / Fotografias
Escrever uma biografia já é um grande desafio para qualquer escritor experiente, isso porque retransmitir com veracidade os fatos e superar as expectativas da fonte exige uma série de cuidados e tratamentos especiais. Para a acadêmica de jornalismo Eloiza Dal Pozzo, mais do que uma grande experiência, escrever sobre uma história de vida é trabalho e compromisso de um comunicador social. Em busca de cumprir este papel da melhor maneira possível, Eloiza optou em realizar seu trabalho de conclusão de curso com foco no jornalismo literário, tendo como produto midiático um livro-reportagem.
O trabalho desenvolvido desde o começo do ano deu origem à obra "S/N – Uma nova história", apresentada na última quinta-feira, 20, à banca final da Faculdade UDC (União Dinâmica de Faculdades Cataratas).
Como explicou a acadêmica, ‘S/N’ é o nome da personagem: Sandra do Nascimento, mas também pode significar "sem número, sem nome, sem nada", como em partes foi a vida da jovem. A história da adolescente - hoje com 18 anos - foi totalmente reproduzida no livro que apresenta documentos, fotos, trechos do diário de Sandra, e um enredo totalmente encantador. Questionada sobre a escolha do tema, Eloiza afirmou ter encontrado o assunto por acaso.
"Quando eu já havia definido que iria escrever um livro-reportagem como produto do meu trabalho de conclusão de curso, pensei: agora preciso escolher um tema! Então falei na sala de aula: ‘Pessoal, olha só, vou escrever um livro! Preciso de uma boa história pra contar!’ Foi aí que o meu colega e amigo Carlos Luz, me falou que havia uma menina na Fundação Nosso Lar que eu ficaria encantada de conhecer, porque ela era um exemplo a ser seguido. Uma menina que sofreu muito, que foi abandonada, que tinha tudo para ser revoltada, mas, ao contrário das previsões, ela se transformou em uma pessoa esforçada, batalhadora, madura e além de tudo bem humorada, sorridente". Para a estudante, o que mais chamou a atenção durante as entrevistas para criação do livro foi a força de vontade da adolescente e a constante busca pela felicidade. "Apesar de todo o sofrimento, ela decidiu que teria uma vida bacana". Através da história de Sandra, a acadêmica conheceu a realidade sobre adoção e abrigamento, e o grande descaso da sociedade com o assunto. "Meu maior objetivo é a conscientização das pessoas quanto aos temas adoção e abandono. Na verdade através da Sandra eu conheci a realidade. A Sandra me estimulou a pesquisar e a conhecer mais sobre isso. Depois eu comecei a prestar mais atenção em um grande problema aqui da fronteira, a exploração sexual infantil, que está intimamente relacionada a essas crianças e jovens abandonadas", ressaltou.
Livro
Segundo Eloiza, que garantiu a nota 10 em sua de defesa, o desejo maior com o lançamento do livro é chamar a atenção da comunidade para um problema que está intimamente ligado a todos. "Meu público-alvo específico são todas as pessoas que ainda não tem senso crítico e que não tem idéia de quais são os problemas sociais gerados a partir de um abandono. O tempo todo em que eu escrevi esse livro, cada palavra foi pra tentar conquistar o leitor a prestar mais atenção no tema e nas crianças e adolescentes nessa situação de abandono. E o "puxão de orelha" não é só para os pais e mães que abandonam os filhos. É pra mim, pra você, pra quem vê tantas pessoas na rua e deixam passar em branco, e esquecem que essa criançada existe. Porque nós temos um mundo muito mais bonito. Então passar por elas na rua e não fazer nada é complicado. Não estou pedindo pra que você leve essa criança pra casa.
Estou pedindo pra que você respeite ela. Elas estão aí e nós também somos responsáveis".
Sandra do Nascimento
Cada capítulo da obra apresenta características fascinantes ao leitor. O detalhe das cores, dos efeitos, da utilização de fotos em preto e branco, a ambigüidade dos subtítulos e todo o contexto em si fazem a constatação de uma vida, de uma história até então desconhecida. Segundo a autora, a intenção nunca foi desenvolver um livro com final feliz. "Não é esse o papel do jornalista", afirmou Eloiza. Para ela, sua maior preocupação era com a veracidade dos fatos e a satisfação da adolescente. "Minha preocupação era conseguir descrever a Sandra e tudo o que ela já passou e tudo o que hoje ela consegue ser, com palavras. É muito complicado. É uma tarefa em que me senti muito responsável", e completou; "Quando eu penso na Sandra eu vejo aqueles dois furinhos na bochecha dela quando ela sorri. Pra mim nesses dois furinhos estão toda a carga negativa e o sofrimento que ela conseguiu transformar em alegria. A Sandra é muito especial. Ela é uma pessoa boa. E por isso torço demais pra que ela continue num caminho bacana. Sandra é alegria, maturidade e garra", descreveu.
Futuro
O pontapé inicial já foi dado para Eloiza, que pretende continuar a carreira de escritora. "O livro me dá a liberdade de escrever tudo o que eu quero, e ainda posso utilizar os mais diversos recursos para envolver o leitor com o enredo do texto. É no livro que eu me realizo. É o livro que me permite escrever com ética, verdade e sentimento. É nele que eu quero ficar". Mesmo que muitas pessoas já estejam interessadas em garantir o livro, Eloiza ainda não tem previsão de lançamento da obra. "É tudo muito recente. Ainda não senti o feedback de muita gente, até porque só imprimi 10 cópias do livro, que estão todas emprestadas, mas algumas das reações já me deixaram feliz".
Sobre a experiência, Eloiza afirmou ter crescido profissionalmente e conseguido realizar um sonho. Fora essa questão pessoal, de receber tantos parabéns; o aspecto social da questão me fez refletir muito. "Pra mim o pior (ou melhor) momento foi conseguir sentir a tristeza da Sandra quando ela contava dos abandonos. Essa sim foi a grande experiência. Por isso falei que o puxão de orelha era pra mim também. Além de aprender coisas novas, amadureci muito conhecendo a Sandra", concluiu.
Um comentário:
Uau!!
gente, to muito emocionada com isso tudo!
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