quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Brutalidade policial no Brasil

A Human Rights Watch (HRW) divulgou relatório que denuncia o problema da brutalidade policial nas duas maiores capitais brasileiras. O relatório “Força Letal: Violência Policial e Segurança Pública no Rio de Janeiro e em São Paulo” afirma que parte “substancial” dos mais de 11 mil casos de resistência seguida de morte registrados nos Estados do Rio e de São Paulo desde 2003 podem ter sido, na verdade, execuções extrajudiciais. Execuções extrajudiciais frequentes, grupos parapoliciais de extorsão, relatos policiais que omitem informações ou que falseiam a realidade, manipulação de cenas de crimes e impunidade quase total para os policiais que incorrem em violações flagrantes dos direitos humanos são os resultados do diagnóstico da HRW.

A organização mostra cifras alarmantes. Em 2008, a polícia do Rio matou 1.137 pessoas. Na África do Sul, a polícia matou 468 pessoas e nos Estados Unidos, país com nível de violência policial considerado alto, 371 pessoas foram mortas pela polícia em 2008.
Em dez áreas da cidade que se encontravam sob controle policial, os agentes mataram 825 indivíduos em supostos “atos de resistência”, enquanto que só contabilizaram 12 baixas de efetivos nestes mesmo enfrentamentos. Para cada morte nas mãos de policiais,foram registradas 23 prisões. Nos Estados Unidos, segundo a HRW, são 37.000 prisões para cada morte em enfrentamentos armados.

Segundo a HRW, o mais grave é que os agentes responsáveis pelas execuções ilegais no Rio e em São Paulo raramente respondem na justiça, o que, de acordo com relatório, resulta de ser a própria polícia a responsável por investigar a responsabilização de agentes. Os números comprovam a avaliação, já que na última década no Rio de Janeiro foram registradas 7.800 denúncias, só 42 transformaram-se em processos judiciais e apenas 4 resultaram em condenação.

Para a Human Rights Watch, por trás das violações constantes dos direitos humanos está a errônea lógica de que segurança pública e direitos humanos se contrapõem.

(Com Anjos e Guerreiros e Fabio Campana)

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