No ano passado, o serviço de Disque Denúncia da Secretaria
de Direitos Humanos (SDH) da Presidência da República registrou 162 mil relatos
de violência física, psicológica e sexual contra crianças e adolescentes.
Apesar de crescente, o número de denúncias ainda é pequeno em comparação com a
realidade. Dados da Sociedade Internacional de Prevenção ao Abuso e Negligência
na Infância estimam que a violência doméstica atinja 18 mil crianças por dia no
Brasil.
São vários os motivos que explicam a dificuldade de mensurar
a ocorrência da violência, seja por meio de denúncias ou atendimentos na rede
de saúde. Entre eles está o fato de nem todos os casos serem denunciados, nem
sempre a vítima procurar ajuda e nem sempre alguns atos serem considerados
violência. Chantagem, humilhação, ameaças, beliscões e xingamentos são alguns
tipos de violência recorrentes, muitas vezes vistos como normais.
Outro fator que leva à dificuldade de se conhecer o fenômeno
é que, na maioria das vezes, o autor da violência é alguém da família ou de
confiança da criança. Segundo dados da SDH, 70% das violações de direitos das
crianças e adolescentes são cometidas por algum familiar. O número traz, além
de casos de violência, registros de discriminação, trabalho infantil e
negligência. Outro levantamento mostra que metade dos atendimentos realizados
por conselhos tutelares têm os pais como autores da violação de direitos.
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