Para uma leitura interessante neste domingo, sugiro o texto
de Gabriella Beth
Invitti
Até o fim
Lá vem ele. Passos calmos, olhos atentos em suas mãos que
envolvem o beck. Vai procurar sua fuga outra vez. O que ninguém entende é do
quê ele foge. – Do quê foges, rapaz? – A música não o encontra, as composições
não são as mesmas; quer mudar de vida, mas tem medo. O novo é desconhecido. Por
mais que a vida seja triste, ele andou muito até aqui. As estradas em noites
frias trazem a solidão que só aqueles que já viram o céu sem estrelas podem
entender. Sem saudade. Vontade – de sei lá o quê!
Quer rodar o mundo, acender novas velas, tocar algum
instrumento; mas não sai do lugar. Aqui é confortável, não é? A roupa está
limpa, o carro está na garagem, o cachorro já não late e a comida está
quentinha. Dá pra brincar de vida. Pode tentar se matar. É permitido falar o
que acha bonito, só não tem capacidade de falar o que sente.
Mente. Faz de conta que está tudo errado, chama a “falta de
coragem” de “tristeza”. Paga uma de coitado. Diz que vai mudar de vida, todo
mundo acredita, mas volta a fazer sempre as mesmas coisas. Dentro dele há uma
criança, talvez um sonho perdido, mas por fora só se enxerga um monstro. O
monstro que todos dão nome, sabem por onde anda, o que faz, porque o faz, como
chegou e a hora de partir. – Ele sabe o que há dentro dele e se envergonha do
que as pessoas podem ver por fora. (...)
Um comentário:
Bom dia, Carlos!
Fico muito grata pela indicação...
Dei uma olhada no seu blog e adorei!
Beijos
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