“Entre as seis mortes registradas em menos de 48 horas estão as execuções do estudante Charles Willian de Oliveira Pereira, 17, e Cleiton Alves Junior, 15. Policiais civis e militares encontraram os corpos numa estrada rural, no Alto da Boa Vista, por meio de uma denúncia anônima, no final da manhã de domingo. Segundo apurou a polícia, os jovens foram mortos com tiros de pistola calibre nove milímetros, disparados por desconhecidos. No local do crime, os investigadores recolheram cartuchos do mesmo calibre” (A Gazeta do Iguaçu / Gilberto Vidal, edição de hoje, 8 de dezembro).
Além dos dois adolescentes, entre os seis homicídios estão mais três jovens: Marcelo Alves Macedo, de 20 anos, Adilson Fortunato Tavares, de 21 anos e Jucelei da Silva, de 22 anos.
Em menos de 48 horas, seis homicídios, dentre os quais de cinco jovens: de 15, 17, 20, 21 e 22 anos. E a cidade age como se nada estivesse acontecendo. E os governos estadual e municipal se apressam em desmentirem as pesquisas que apontam o município como o de maior índice de homicídios de adolescentes e o terceiro município que mais coloca em situação de risco os seus jovens, afirmando que são dados defasados e que a situação está mudando. Eu pergunto: mudando para quem? Não para estes cinco jovens exterminados. E me atrevo a me fazer mais uma pergunta: será que o Estado está mesmo interessado em mudar esta situação ou este extermínio faz parte da política pública oficial de acobertar a execução de jovens? Afinal, o jovem pobre, sem escolaridade, desempregado e sem futuro que é exterminado, é “menos um”. Ou não é? Parece-me, pelas evidências, que o Estado e a sociedade pensam que é. Não compartilho desta opinião e como jornalista (diplomado, senhor Gilmar Mendes!) com responsabilidade social, atrevo-me a questionar o Estado, o aparato de segurança, os poderes constituídos e a própria sociedade de compactuarem com tal situação.
Amanhã (9) haverá uma Audiência Pública na Câmara de Vereadores, exatamente sobre o alto índice de violência que acomete os jovens de Foz do Iguaçu, estarei lá e farei este questionamento: será que não estamos diante de uma política pública oficial de extermínio? Questiono a impunidade (*) dos agressores, a conivência (**) do Estado e da sociedade, e principalmente a hipocrisia (***) dos poderes instituídos.
(*) Impunidade é sentir-se ou estar imune, isento de punição.
(**) Conivência é o ato de ser conivente, cúmplice; colaboração, conluio, maquinação, cumplicidade.
(***) Hipocrisia é o ato de fingir ter crenças, virtudes, idéias e sentimentos que, na verdade, não possui; ato de fingir comportamentos.
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2 comentários:
Vc está certo, Carlos... e nós tbem estaremos lá, para cobrar atitudes concretas!
Saudações
valeu Thiago.. nos encontramos na audiência amanhã..
abração...
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