terça-feira, 10 de junho de 2008

Foz 94 anos: violência banalizada

(Foto Wikipédia)

No dia em que Foz do Iguaçu completa 94 anos reproduzo um artigo do professor e sociólogo José Afonso de Oliveira, publicado originalmente no Portal Megafone, alertando que “a violência em nossa cidade passa a ser entendida como sendo coisa natural”.

Violência em Foz do Iguaçu

* Prof. José Afonso de Oliveira

O pior que poderia acontecer está acontecendo, a violência em nossa cidade passa a ser entendida como sendo coisa natural. Natural coisa nenhuma, natural é a vida e não a morte. Mas de tanto falar, diariamente, com grande insistência o tema vai sendo banalizado, dando a impressão que é algo natural.
As manchetes dos jornais de segunda feira estão sempre focadas nos homicídios dos finais de semana, infelizmente. Os comentários nas rádios locais não fogem a essa divulgação aumentando sempre a sensação de que o crime é algo natural na sociedade.
Todos temos grandes responsabilidades na violência que vivemos e talvez mesmo a maior seja a nossa omissão. Achamos sempre que os outros são violentos que a polícia é ineficaz, mas nada, absolutamente nada fazemos para modificarmos esse estado de coisas que é terrível.
A vida humana vale por ela mesma. Todos têm plenos direitos de uma vida segura, plena, tendo participação na sociedade através da educação, saúde, segurança, emprego, enfim todos somos convocados a um trabalho muito árduo, difícil mesmo, de inserção das pessoas na sociedade.
Sem isso, sem essa nova mentalidade é impossível combater a onda de violência que estamos vivendo, neste momento. As pessoas não são criminosas porque o desejam mas as circunstâncias da vida delas propiciaram caminhos dentro da criminalidade, sem que existissem, muitas vezes, nenhuma outra alternativa.
Só combatemos eficazmente a violência na medida em que tenhamos novos posicionamentos que superem a mediocridade de acharmos que isso não nos diz respeito e também que a violência é natural. É preciso agir para que todos possam ter acesso aos serviços sociais mencionados acima, que isso não seja privilégio de alguns, em detrimento de muitos. Só assim teremos uma sociedade mais justa, equilibrada onde a marca seja a harmonia entre as pessoas e delas com a natureza, da qual fazemos parte.
Temos que avançar nesse sentido, propondo alternativas sim, dentro de uma nova visão, concepção de vida, onde o bem de todos supere sempre o meu bem pessoal. O bem pessoal deve estar encaixado dentro daquilo que é um bem para todos, não sendo mais possível pensar no meu bem pessoal isoladamente. Tenhamos todos a coragem e ousadia de mudarmos.

* Texto publicado no Portal do Megafone


Nenhum comentário: