segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Elogio à Casa


“A praça é do povo, como o céu é do condor” (Castro Alves).

Depois de um período sem postar, por alguns fatores particulares, volto com o blogue, por pensar que seja uma importante ferramenta de comunicação. Na verdade desde o ano passado não postei mais nada, então: “feliz 2011 a todos nós!”.
Porém, resolvi voltar de uma forma diferente, o blogue que, até hoje, foi informativo, tomará um caráter, a partir desta nova fase, opinativo.
Então, sabendo da importância da ferramenta e já no novo formato, quero dedicar a minha primeira postagem de 2011 a uma iniciativa da Casa do Teatro, enquanto instituição, sempre inovadora, mas também enquanto às pessoas que dela fazem parte, pois as instituições não são “entidades” abstratas, dependem exclusivamente de quem faz parte delas, e suas iniciativas. Dedico a atenção, em especial, à minha querida amiga Arinha Rocha (a Rosli, que conheço há “séculos”), mas na pessoa dela, dedico a atenção a todos que fazem parte desta corajosa ONG, que há muito tempo luta contra o descaso do poder público pela cultura em Foz do Iguaçu (falarei sobre isto posteriormente).
Sábado (19) estive, com minha filha de 9 anos, numa iniciativa cultural da Casa do Teatro na praça do teatro Barracão, teatro hoje administrado pela Casa. Minha filha, em particular, ficou muito feliz, encantada pode se dizer, pois pôde rever as suas orientadoras de dança e de teatro do Projeto Plugados (Casa do Teatro/Itaipu), do qual ela participou ano passado, estudante que é de escola pública, preceito que não abro mão.
Ela presenciou dança, música, literatura, fotografia, história, ela cresceu enquanto pessoa, enquanto cidadã, responsável em criar um mundo, ou pelo menos uma cidade melhor do que esta em que vivemos. Ela leu, conversou, fez novas amizades, viu a cidade dela de uma forma diferente, sob o olhar de uma exposição de fotografias históricas da Guatá (outra ONG parceira da Casa, que faz, entre outros, um trabalho importantíssimo de resgate histórico) e não sabia que a cidade dela “foi assim”. Voltou para casa com mais conhecimento e com pinturas no rosto e nas mãos, e queria dormir com elas, mas disse que não poderia (caso de higiene), mas pela insistência acabei cedendo, ela queria mostrar aos amigos, e o coração mole de pai acabou falando mais alto, mas as palmas das mãos e entre os dedos ela lavou, com todo cuidado que merece uma lavagem sem tirar uma pintura feita na praça pela orientadora que ela conhecia e que transmitiu tanto respeito e confiança, que ela não queria tirar, talvez porque ela se sentisse orgulhosa da cidade dela, pelo símbolo, mas talvez só pela pintura mesmo, não importa, quem vai poder dizer o que se passa na cabeça de uma menina de 9 anos que acabou de sentir orgulho da cidade dela? Podemos apenas proporcionar isto. A Guatá proporcionou isto a ela. E ela, com apenas 9 anos,  falou: “pai, nossa cidade é bem antiga né? e bem diferente agora, mas sabia que eu gosto dela?” Talvez seja esta a semente da cidadania: o conhecimento. O “eu gosto dela!”. E por gostar dela, a querer melhor, para todos os que vivem nela, incluindo a própria pessoa.
Na verdade, o sentido de escrever esta crônica é que eu e ela demos uma volta na praça e entre um jogo e outro, uma brincadeira e outra (adoramos brincar de rimas, adivinhações e outros jogos), pude ver que aquela praça transborda de vida, de vida comum, de pessoas comuns, gente, apenas gente, apenas pessoas comuns, com histórias comuns, não interessantes aos intelectuais pomposos, pois histórias comuns de gente comum (ui!) não interessam muito, mas com toda certeza do mundo, as pessoas comuns que se aproximaram da iniciativa da Casa do Teatro, e participaram das atividades, voltaram para casa, sábado passado, melhores do que saíram, e se a iniciativa perdurar, estará formando cidadãos, numa cidade que precisa e está muito carente disto. A democratização da informação e do conhecimento se dá em ações como estas, de verdade, não em discursos evasivos de um poder público omisso a estas e outras questões. Disto não precisamos mais.
Esta iniciativa da Casa do Teatro merece o meu apoio e elogio.

Parabéns à Casa do Teatro!

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